terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Há tempos não colidia com tais desejos, porém agora pode sentir suas pernas, braços e todos outros membros existentes enroscados em lembranças insólitas que remetem à um 'redesejar'.
As próprias paredes, brancas e lisas, quando invadidas pelo luar formam sombras que transformam-se em fantasias, em sonho completamente realizável.
E recordou o toque, o andar, o aroma...
Nada daquilo, nem mesmo a distância, havia a ferido, e continuava fazendo-a sorrir sem esforços.
Transcendia todo sentimento, toda lógica, todo imaginável, e quem tomava conhecimento dos acontecimentos ou apenas dos pensamentos que dominavam-lhe a mente chamavam-na de insana. Contudo, nunca procurou fugir da insanidade, nunca buscou por padrões nem ao menos preocupou-se em ser tachada normal.
Quis apenas viver, viver freneticamente, realizando-se, cedendo e fazendo ceder.
Quis apenas viver, viver e deixar viver.
E liberdade não era apenas uma palavra, havia transformado-se em ato, pensamento e respirar.

Apesar do sol, posso ver as estrelas

Nunca fui fã de melodramas, mas confissões, cedo ou tarde, se fazem necessárias, e admito que há um sonho por aqui.
O quanto da vida é afetado por certas idas e vindas não se pode mesurar, sente-se e fim, sem direito à discussões, negociações ou recusas, não pode-se ao menos julgar. O coração desconhece aquilo que a razão nomeia por certo e errado. O coração comanda, manda e desmanda, e forma todo o ser daquele que, mesmo sem querer, é assim como eu.
E as pernas, os olhos e a alma habituam-se a fazer o mesmo caminho, habituam-se a postar-se diante do mesmo alguém, sempre com igual ou maior afeto, com igual ou maior encanto, mesmo que se tente disfarçar. E ali encontra-se consolo, carinho, prazer e paz. Encontra-se tudo, sem exceções, que se é necessário para viver.
Mas quando se sonha convive-se com o medo de despertar e, ocasionalmente, de fato se desperta. E com o despertar a falsa certeza de que não irá se voltar a sonhar. Pois bem, dessa forma se faz a vida... a queda, o levantar. O sonho, o despertar. E, feito um ciclo, tudo se repete, sempre se repete, quer queira, quer não.
E o medo?
Deixe o medo pra depois,
deixe o medo pra mais tarde,
e viva o sonho, mais uma vez.

05/12/2010

O olhar permanecia parado. Era muito. Muito a ser pensado, muito a ser modificado em tão pouco tempo.
Os movimentos ainda eram lentos, o corpo mal respondia, e havia aquele que dizia que iria para o lugar que ela foi enquanto seu corpo tremia.
Era muito, muito, muito! E ela quis desesperadamente voltar.
Quis tragar fragmentos de um dia que levaria consigo, beber a alegria, saboreando o álcool que lhe aumentava o prazer.
A vida era tão viva e agora exige que seja apagada para que permaneça aqui, complicado, não?
Ela não consegue compreender, por mais que tente, e frequentar os mesmos lugares, sem deter-se aos detalhes dos discursos daqueles com quem fala perdeu boa parte da alegria. Julgue errado aquele que assim quiser, mas o que pode parecer tão simples para alguns é para ela nada menos que o inferno.
E procurou por soluções, sendo que a única encontrada lhe parece fora de contexto, pois usá-lo, por melhor que seja, pode não ser certo.
E o certo em questão só lhe fez mal.
Pôs-se a andar, esperando que os anos possuam um passo mais apressado do que os seus e não demorem à passar.

02/12/2010

O papel entregue à ela, com as palavras já borradas devido às lágrimas que por ele rolaram, trazia uma nova decepção.
Ele não poderia ter feito isso, não deveria ter falhado mais uma vez. Tudo ia tão bem...
A hipocrisia fazia com que ele agisse de forma natural em meio a todos acontecimentos. Tachado bom moço, sabia exatamente o que fazer para esconder sua face obscura.
Era quase natal, será que ele tinha consciência do presente horrível que dera à ela?
E aos pouco ela, antes tão crédula, ia perdendo a fé não na vida, mas nas pessoas.
Desejou calar-se, reprimir cada ingênuo sentimento e jamais acreditar novamente.
Ele havia jogado fora o que havia de mais belo entre eles, ele havia jogado fora toda a esperança de um recomeço.
Restava apenas a lembrança do curto mês em que ele soube ser pai.

sábado, 4 de dezembro de 2010

O perdão

Sentada no banco da rodoviária ela aguardava anciosamente pelo ônibus cuja chegada estava prevista para às 14hs, e enquanto aguardava pensava no tempo em que haviam perdido. O orgulho havia se posto em seus caminhos, o que dificultava uma reaproximação, e o fato de estarem neste momento indo um ao encontro do outro é quase que um milagre promovido por mãos humanas.
17 anos. 6205 dias que se passaram sem demonstração de afeto alguma entre eles. Haveria reparo? Ambos acreditavam que sim.
Enfim, a chegada esperada. Olharam-se fixamente, de forma antes jamais feita. Nos olhos dela toda inocência e esperança que habita o coração de uma criança, nos dele a alegria e emoção de quem reconhece alguém como parte de si. Então abraçaram-se, não os corpos, mas as almas, e as lágrimas diziam tudo aquilo que a voz falhava em dizer.
Bastou um telefonema para que tal momento se tornasse possível, bastou ela ser forte e conhecer o real significado do perdão. Quase posso ouvir seus pensamentos praguejando contra todos os telefonemas formais antes disperdiçados. E ali estavam, sem querer que o tempo passasse ou voltasse, querendo apenas estar.
Ela esqueceu do medo de uma nova decepção.
Ele esqueceu do receio de novas acusações.
Desejaram com sinceridade fazer parte da vida e ser inserido na rotina do outro ser, que carrega seu próprio sangue.
Eram pai e filha, pela primeira vez.

Diferenças

Ultimamente as coisas vêm acontecendo de maneira incontrolável e, apesar do desejo de permanecer neste local, sei que aqui não é o meu lugar.
Sinto a melancolia do meu olhar enquanto o observo em situações banais e me obrigo a sorrir para que ele não note que acabo de perceber que deixei isso tudo ir longe demais.
Já sei muito sobre alguém que um tempo atrás pouco me importava, me habituei ao seu jeito, entreguei tanto sobre mim e, mesmo parecendo tarde, é hora de parar, de partir.
Espero em breve esquecer esses sonhos que não são meus, esquecer as histórias, as formas, o toque. Eu espero seguir como se sempre houvesse sido só.
Espero ainda não me abater, como no princípio planejei. Planejei não me envolver, não querer o ter e ter tudo sempre em minhas mãos.
E vejo agora quão inútil são os planos, pois vem o destino e faz o que bem quer.

Lençóis

Ela hoje sorria com uma facilidade que há muito não encontrava e por vezes sentiu-se na obrigação de conter tamanha euforia. Felicidade... Quão desejado esse estado se tornou e no dia de hoje, após de fato obtê-lo, mal sabe o que fazer.
Lembranças da noite passada são o que a deixa extasiada.
As mãos que encontravam-se transbordando todo o sentimento e intensidade do momento, o aroma que tanto lhe agradava e os envolvia, as confissões que faziam-se nas entrelinhas.
E o durante havia sido tão fascinante que mal tentou prever o depois. Conteve-se ali, em cada detalhe, em cada pequeno e significativo movimento que unia-os cada vez mais.
O luar que invadia o quarto pelas frestas da janela revelava sorrisos que ambos sabiam não pertencer a um simples desejo, o que fazia com que preocupações anteriores se dissipassem antes mesmo que pudessem ser recordadas.
O tempo passou sem que fosse notado ou contado, os braços permaneciam inseparáveis e o mundo girava sem obrigação alguma.
Sendo problema maior ou então solução, estava feito e fim, Estava feito e só. Estavam sós, não mais. E faça a vida agora o que bem entender.

17/11/2010

Queria apenas acabar com o mal que lhe consome, é pedir muito?
Hoje, mais do que nunca, precisou de amparo, precisou pôr fim à angústia que lhe aperta a alma sabe-se lá por que motivo.
Inutilmente perdeu-se por entre a fumaça da qual tanto gostava, desejando que ali esquecesse uma parcela de si que jamais pudesse ser resgatada. Nas entrelinhas de qualquer verso procurava por motivação, por uma razão para que o sorriso estampado em sua face permanecesse ali.
Tudo em vão. Tudo sempre tão em vão.
Desistiu dos atos antes planejados por não conhecer seus reais intuitos e por pouco não desistiu de si.
Recordou com carinho histórias ouvidas na infância, nas quais acreditava sem contestação alguma, e repugnou o fato de já não acreditar em uma palavra sequer que seja pronunciada em sua direção.
Tudo poderia ser tão diferente, fosse um erro a menos lá no começo, porém policia-se antes de tachar alguém como vilão, se havia chegado a tal ponto tinha plena consciência de que suas próprias pernas a trouxeram até ali.
Então fechou os olhos, como sempre fazia e, esquecendo toda descrença que agora lhe acompanha, pediu ao sol que trouxesse boas novas junto ao novo dia que acabara de nascer.

O correto nem sempre agrada

Havia algo naquele silêncio, algo a ser dito. Porém ambos evitaram a tentativa de conciliação, não porque não gostariam de alcançá-la mas por saber que não deveriam.
Pertenciam à mundos diferentes e o bem-estar que causavam um ao outro sabiam bem, desde o princípio, que seria temporário.
Diversas vezes ela havia imaginado como tudo aquilo acabaria, mas em ocasião alguma suspeitou do que de fato aconteceu.
Ele jamais imaginou que sentiria falta daquela voz, das expressões por eles usadas e da ingenuidade com que ela tocava sua mão.
A ironia da vida mais uma vez se fez presente e, em questão de mês, fez questão de marcá-los com fervor.
Agora, cada qual no seu devido lugar, questionam-se quanto tempo levará para que as lembranças se apaguem, para que as imagens se dissipem e para que não desejem estar perto, para que então possam seguir como se suas vidas nunca houvessem se cruzado.
A verdade é que poderiam ser muito, se dez anos antes ou dez depois, mas agora, por pior que seja, a decisão mais sensata é esquecer.

sábado, 13 de novembro de 2010

Dos poucos sonhos que lhe restavam aquele era o único sobre o qual tinha convicção de que não abriria mão.
Faziam então seis meses, e todos os fatos e trejeitos quando por ela narrados pareciam para muitos pertencentes a uma utopia qualquer, mas a lembrança do que se passou permanecia tão vívida em sua mente que não permitia ao menos questionar-se se haveria exagero em suas palavras.
Ouvia o som e fechava os olhos. Era o som que ele emitia, o som que ele produzia, e dessa forma o sentia tão perto que quase podia sentir sua respiração.
Havia também as palavras, que podiam tardar mas sempre vinham, e não detinham-se no cotidiano, falavam do estranho e veemente sentimento que os envolvia, que os ligava, mesmo que nada pudesse ser visto. Podia o imaginar escolhendo as palavras certas e compartilhar do pulsar forte de seu peito ao relembrar e desejar que o reencontro logo venha.
Ela podia tanto através dele que mal se reconhecia. Por vezes deparou-se com sua imagem projetada no espelho enquanto procurava rastros de insegurança e incertezas, que há muito haviam se tornado suas maiores marcas, mas não os encontrava. A verdade é que ele a deixava tão leve, tão segura e certa do que pretendia que nem ao menos a presença era necessária. Sentiam os pensamentos alheios sempre por perto, mesmo em momentos inapropriados, e isso bastava.
E se isso não fosse amor, não saberiam então que nome lhe dar. Ultrapassava o físico, a razão e qualquer teoria conhecida e, de uma forma inexplicável, era tudo, mesmo não sendo nada.

sábado, 30 de outubro de 2010

Tchau

Acredito que tu esperavas por isto.
Não sei se pelos atos, mas pelas palavras.
Queiras ou não, me conheces,
e sabes que cedo ou tarde elas vêm.
E, por surpresa, nem mesmo eu sei
se a próxima linha trás uma ofensa
ou um pedido de perdão.
A verdade é que cansei.
Não de ti, não de nós,
mas de mim.
Cansei das minhas tentativas falhas
de através de erros tentar acertar.
E é mais do que visível e compreensível
que cansastes também.
Então guarde uma boa lembrança
daquilo que aqui foi vivido
e pelos teus trilhos,
estes mesmos que quebrei
e tivestes que sozinho concertar,
encontre alguém,
alguém diferente de mim.
Que te faça sorrir
quando quiseres chorar,
e que te acalme e não grite
quando te puseres a gritar.
Pois bem, alguém diferente de mim.
Que não erre teu nome uma vez sequer,
que decore teu telefone,
que te ponha de pé.
Alguém assim, diferente de mim,
mas que te ame tanto
quanto eu te amei
e faça todo bem
que eu te desejei.

Frustração

Pela janela daquele quarto via cenas do cotidiano. Os mesmos carros, as mesmas faces, o mesmo lugar, mas nada daquilo a envolvia.
Nas paredes passavam cenas, como que saídas de um retroprojetor, de um passado não tão distante que a fazia sorrir. Invejou tanto a liberdade dos pássaros até que a obteve por completo, e ao fazê-lo sentiu-se assim, tão só, que desejou retornar à gaiola.
Eram horas e horas sem que voz alguma lhe dissesse algo, e os raios de sol que entravam por debaixo da porta não eram nem comparáveis àquele sol que lhe aquecia a pele nas tardes de domingo que passavam no parque. O único aconchego do qual agora poderia desfrutar fazia-se através de seu velho edredom, que já havia tomado a forma do seu corpo. O telefone há tempos também havia se calado. Até pensou em telefonar, mas não saberia para quem.
E tantos nomes dominaram-lhe a mente, tantos jeitos e trejeitos. Se soubesse a falta que fariam nunca os teria afastado dessa forma.
Quis mudar, não pelos outros, mas por si.
Recordou quem foi, quem deixou de ser, e questionou-se o porquê de mudanças tão drásticas. Seja lá qual tenha sido o motivo, chegou a conclusão de que não havia valido a pena. Era agora exatamente da forma que um dia quis ser, percebeu então o tempo perdido enquanto caminhava em busca deste objetivo.
Era nada, nem pra ela, nem pra ninguém. Não sentiriam sua falta, não tocariam no seu nome, não fariam questão de relembrar momentos vividos ao seu lado.
Sentiu então uma forte dor no peito e percebeu que os olhos começavam a lacrimejar. Não chegava a ser um choro, nem ao menos tristeza, estava mais próximo de uma frustração não contida. Era nada e deu-se conta.
Torceu então pra que não fosse tarde demais
e recomeçou.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Feito sonho

Era cedo ainda, o sol mal havia posto o pé pra fora, e ela decidiu despertar. Atitude rara, tendo em vista o fato de que são poucas as coisas que lhe agradam mais do que o repouso.
O corpo parecia mover-se no compasso da melodia reproduzida pelos pássaros e confesso que era impossível não contagiar-se com a alegria que a envolvia.
Há tempos não a via dessa forma, sorrindo para a vida. Eu quis perguntar-lhe o que de tão glorioso havia acontecido para deixá-la em tal estado, porém sei o quanto odeia esse tipo de pergunta e, por medo de estragar tudo, calei-me.
Ela agia como se possuísse todo o tempo do mundo, e parecia que o mundo girava somente para agradar-lhe. Eu, seguindo o exemplo do mundo, me via capaz de tudo para que ela permanecesse assim.
Percebi que a observaria por horas, quiçá dias.
Até mesmo seu respirar me encantava.
Senti-me um tolo por isso. De fato, ela havia me aprisionado e o que eu menos desejava era libertar-me.


(Acredito que seja o tipo de coisa que todas gostariam de ouvir.)

sábado, 2 de outubro de 2010

A fuga

É como se houvesse um labirinto no local pertencente aos pensamentos, e a cada esbarrada em um novo muro os sentimentos se modificassem bruscamente.
Nas marcas vistas no decorrer da estrada nada é dito, o subentendimento predomina, porém agora, talvez pela primeira vez, sinto a necessidade de esclarecimentos.
Pouco sei sobre tudo aquilo que deveria saber, já não me reconheço na imagem projetada sobre as águas e a voz que pronuncia palavras escolhidas por mim não chamo de minha.
Nomes fogem do meu alcance, não sei quem citar, sobre quem falar, de quem lembrar ou quem deveria preencher esse lugar.
Então me vejo correndo e gritando, sem saber o que busco ou o que preciso.
Me vejo correndo e gritando, porém não desejo parar.
Hoje eu tentei fugir.
Amanhã provavelmente tentarei de novo.

Despedida

Evitou o toque, a fala e evitaria estar ali, naquelas circunstâncias, se fosse possível.
O desconforto era visível mas, engraçado, ela não destruía nada.
Tentava acreditar que aquilo tudo nada mais era do que um "até logo" porém, tinha cara de "adeus".
E seus pensamentos, caso pudessem ser ouvidos, diriam: "Vai embora dor, vai embora dor, vai embora dor..."
Olhou uma única vez para trás e pôde vê-lo observá-la, depois disso seguiu em frente, não porque queria, mas porque era necessário.
Necessário, necessário, sempre esse maldito "necessário"!
"É necessário que eu me vá."
"É necessário que eu fique."
Mas e agora, qual é a necessidade?
Ela cansou.
E toda aquela aparente força e certeza de um futuro ao lado daquele que acabara de partir havia acabado.
Ela desabou.
Agora de nada adiantaria desviar os olhos para o lado, para cima ou para baixo, as lágrimas haviam a encontrado.
Ela quis gritar, consigo mesma, com o mundo, com o nada ou com ele. É, melhor com ele, mais uma vez.
Quis ter mais tempo.
Mais tempo para perder, para errar, para tentar. Quis ter mais tempo para ter.
Querer, querer, sempre esse maldito "querer"!
"Quero ficar."
"Quero ir."
E agora, o que é que se quer?
Ela fechou os olhos.
Era muito pra pensar e ela queria apenas esquecer. Queria?
Amanhã seriam os mesmos lugares, mas por onde andariam os passos que a acompanhava?
Depois de amanhã seriam os mesmos lugares, até quando faria aquele caminho sozinha?
Ela quis não pensar e conseguiu apenas recordar.
Era um presente que tornava-se passado, um passado que tornava-se cada vez mais presente.
Os pensamentos continuam: "Vai embora dor, vai embora dor, vai embora dor..."
E ela espera que a dor se vá.

Partiu

Em meio ao tumulto ouço a notícia que me paralisa:
"-Vou partir."
No mesmo instante vejo seus lábios, que tanto me encantam, serrando-se em uma tentativa frustrada de conter as lágrimas.
Como se ainda houvesse tempo de acalentar a dor de uma despedida me diz que vai mas volta, que vai mas posso eu também ir.
E minhas palavras, onde estavam?
Não pude pedir que não partisse ou então falar de amor. Não falei sobre a falta que fará sua voz e seu cheiro, o seu respirar.
Não tratava-se de uma tentativa de fingir indiferença mas de uma impossibilidade de deixar fluir o desespero, como se este estivesse se escondendo para não vê-la sofrer. Não, a isso eu não poderia resistir.
Diante de tal cena, dos lábios trêmulos e corações apertados, me permiti apenas aconchegá-la em meus braços, como sempre fiz nas horas ruins, e dizer-lhe que tudo acabaria bem.
Quem espero enganar? Bem pra quem?

R

Lembra-te de como nos conhecemos?
Era noite, sempre noite,
tanta gente, e nós.
Por que nós?
Lembra-te do banco?
"-Quer sentar?"
E do riso, esqueceu?
Haviam garrafas, sempre garrafas.

E do dia seguinte, consegue lembrar?
Decidiu segurar a minha mão.
Mas por que a minha?
Éramos eu e a TV.
Maldita TV.

Nasceram sonhos, lembra?
Nasceram também promessas.
E então vieram os erros e o passado,
vieram as brigas e...
Adeus!

Lembra-te da chuva?
Passou.
Lembra-te do adeus?
Voltou.
E agora, já vai?
Pois me espera, vou atrás.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Não saber

Houveram outros momentos em que desejou falar, esclarecer, explicar, e caso ela o tivesse feito em algum deles talvez agora pudesse recordar com exatidão a reação e resposta provocada pelos seus dizeres, o significado de cada gesto, por menor que tenha sido.
"Eu estou aqui." Isso não se diz ao vento, não se esquece com o tempo.
E até que ponto é bom adquirir lembranças, acreditar, confiar?
Até quando se deve insistir, querer, amar?
Ela perdeu-se.
Perdeu-se nos próprios pensamentos e, sem rumo, busca por algo que a ensine a viver.
Nada é fácil, que graça teria se fosse?
A falta de contato, notícias, certezas, enlouquece pouco a pouco.
Quando acreditou ter encontrado paz viu a forma como uma leve brisa tornou-se vendaval e foi capaz de causar desordem em seus sentimentos. Viu e sentiu.
Pediu silêncio mais uma vez, implorou que ele cumprisse suas promessas, quis reconstruir o que estava destruído, recomeçar, reencontrar.
Não há forma de prever o futuro e talvez ela nem quisesse fazê-lo, mas saber que se tem alguém... ah! quem não gostaria?

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Nós

Acontece que eu te sinto tão meu que não sei mais nos separar. Não sei quem tu és, não sei quem sou, sei quem somos.
Acontece que eu te sinto tão em mim que te amo, te odeio, te olho no espelho e me vejo, me olho no espelho e te vejo.
Acontece que me sinto tão tua que falo apenas sobre ti, que te falo sem palavras, que me entrego por inteira.
Abraço não há, pois não encontro forma de me abraçar.
Beijo não há, pois não encontro forma de me beijar.
Presença não há, pois não encontro forma de me encontrar.
E somos tanto, que palavra alguma pode explicar.
Somos tão pouco que nem o silêncio pode contar.
Somos tudo, somos nada.
Não sou eu, não é você, somos nós, e só.
Nós aqui, nós aí, nós em todo e qualquer lugar. No cheiro, no sentir, na falta de saber.
Somos pele, somos carne, somos o que mesmo?
Ah é! Somos o tal do amor.


Eu até citaria nomes, mas é totalmente desnecessário.
(e mudei essa "parte final" porque, pra falar bem a verdade, adoro um subentendimento.)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sentir

Os olhos falavam mais do que as canções poderiam dizer e o desejo da aproximação era camuflado pelos poucos metros que os separavam.
Conheciam-se tão bem, mesmo não sabendo disso.
Ela o respeitava, escutava frase que sabia não ser verdade, mas nada falava.
Ele a queria, insistia tratar-se de físico, enquanto o seu coração a chamava incessantemente.
Pouco a pouco os segredos desfaziam-se e a distância diminuía. Apesar de tudo ambos sabiam que só queriam permanecer ali, lado a lado.
Ela seria a parte que sente, ele a que pensa. E nesse equilíbrio, parcialmente perfeito, as mãos não haveriam de querer se soltar.
E se o destino é o inferno, pois bem, eu os vejo irem juntos.
Ela o abraçou, sem perceber que era exatamente o que ele precisava naquele momento, e ele sorriu, sem saber que seu sorriso a completava por inteiro.
Aquele momento chamou-se então "felicidade".
E o receio de envolver-se deu lugar à vontade de ficar.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Alguém

Continuaria a falar sobre ti durante horas, caso o sono não me impedisse.
Descreveria em detalhes a forma estranha, porém mágica, como nossos lábios tocaram-se pela primeira vez.
Falaria sobre cada um dos inúmeros calafrios sentidos e quase que faria com que o leitor pudesse provar do aroma e sabor da tua pele.
Sim, eu contaria cada um dos detalhes mais sórdidos e confidentes, sem vergonha ou receio, pois o que foi vivido somente a nós caberia julgar em proporções reais.
Ah, caso o sono não me impedisse eu causaria inveja contando quão minha tu és ou a forma como grita meu nome e suplica que eu não me demore.
Eu faria louco por ti o mais são dos seres apenas contando-lhe exatamente como tu és, da forma que conheço.
Pois poderia eu fazer-te dona do mundo, bastaria contar a todos a capacidade que tens de modificar por completo a vida de quem te encontra, de quem te encontra para perder-se, pois és encantadora e única, pequena.
E eu o faria, caso o sono me permitisse, mas por mais esta noite, devido à presença demasiada do dito cujo, será dona apenas do meu peito e com exclusividade, que confesso adorar, habitará apenas os meus sonhos, sabe-se lá até que noite..

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Oi

Re-amar e reencontrar,
reencontrar a calma, a paz, o motivo,
e mesmo sem motivo, sorrir.
Sorrir de tudo e de nada,
das pedras, da estrada.
Estrada esta que me leva sempre ao mesmo lugar,
lugar aquele em que te ví, nos vimos.
Deixa então passar o dia, quiçá parar o tempo.
Deixa ser, acontecer.
Acontece que a gente sempre esquece
que logo chega a hora de partir.
Mas na distância sinto a presença,
no silêncio ouço tua voz,
e as palavras que até mim chegam
trazem mais do que simples dizeres,
vêm carregadas de sentimento
e são capazes de encurtar distância.
Encurtam distância e aumentam o desejo,
desejo que me consome,
que num mesmo instante me faz querer morrer
e pra sempre viver.
Pois não há medida, não há controle,
mas também não há desespero.
Espera há.
E na espera, sem cansaço, sem desistência,
se espera encontrar, se encontrar.
Faça-se então o tempo,
tempo este que nem sei contar,
mas que corra, venha, vá,
que chegue em algum lugar.
E junto com a brisa vejo teu rosto,
sinto tua pele, toco teu lábio.
Lábio teu, que agora é meu.
E nem houve tempo para lástimas,
te vejo voltar.
A espera acaba, a distância se desfaz
e saudade já não faz parte do nosso vocabulário.
Agora te tenho, meu bem,
e tu me tens.
Me tens por longo tempo,
tempo eterno.
Nos temos e só.
Não precisamos de mais ninguém.
É privilégio,
privilégio de quem sabe amar.

domingo, 22 de agosto de 2010

Desencontros

Pelo caminho hão de se encontrar,
Então os olhos dirão tudo o que a boca cala
E que o coração insiste em sentir.
Enfim, tudo no seu devido lugar.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Confusão

Na minha desgraça a razão de meu sorriso e na falta de tempo o excesso dele me apavora.
Não saber explicar outrora me incomodava, hoje me prova a intensidade.
Certo dia ouvi dizer que a recusa seria a maior fonte de inspiração. A mim cabe pensar que o que inspira é a falta de credulidade no não, a utopia.
E toda situação, melhor dita como confusão, me tornou nefelibata. Há certo tempo já não toco o chão. Como? Através da mistura de aromas, sons e formas. Através da sinceridade que se fez no silêncio, pelos olhos.
Otimismo nunca foi meu forte, porém hoje não me abandona. Involuntariamente me acompanha, me toma a mão e pronuncia teu nome.
Não me permito provar do temor, menos ainda pensar em desistir.

Mãe

Pouco importa meu vazio ou então se não vejo mais cores, o simples ato de ouvir teu riso me realiza por completo. Então esqueço o passado e esnobo o futuro, passo a querer apenas viver o aqui, o agora.
Desvendar aos poucos o que há tempos já poderia ter sido desvendado. Desvendar a tua felicidade e trazê-la à tona sem razão, sem motivos maiores, trazê-la por trazer.
Agora é noite e não sinto a necessidade de sonhar. Tê-la aqui, no quarto ao lado, faz com que tudo, absolutamente tudo, se torne desnecessário.
Esquecemos então as desavenças, esquecemos que minhas opiniões se postam em local oposto às suas, esquecemos a dor que já causamos uma à outra, as palavras superficiais jogadas feito pedras na direção contrária.
Deixemos apenas o que de bom há em nós se expressar nesse momento. Sem cerimônias, etiqueta ou normas, me permito apenas deitar no teu colo e desfrutar daquilo que conheço por 'amor'. Porque hoje, após muito tempo, meu sorriso foi inteiramente espontâneo e toda essa verdade extrema que hoje em dia pode ser vista em mim fez-se através de ti.
Hoje voltei a ser quem eu era, quem eu sempre fui. E digo, sem sacrifício, que eu te amo.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Subentendimento

Já foi mais fácil adormecer, porém hoje a possibilidade de ouvir tua voz não me permitiu o descanso. Optei pelo não ouvir, pensando que dessa forma pouparia meu ser de sofrimento maior, mas a angústia e saudade que me aperta o peito tão forte quanto teus braços há três semanas me prendiam junto a ti parecem inevitáveis.
Tentei encontrar palavra que pudesse demonstrar com maior suavidade o que sinto no momento, mas na inútil busca voltei a me deparar com o verbo "precisar". E apesar da falta de delicadeza deste, nenhum outro se faria mais honroso. Pois hoje, amanhã, e sabe-se lá até quando, apenas preciso.
Preciso te encontrar, preciso te sentir, preciso te falar, preciso te ouvir, preciso te amar. E, dessa vez, não é um simples querer.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Sonhos e Planos

Não deveria envolver-se tanto. Não dessa forma, não com o coração à frente de toda e qualquer decisão.
Não deveria empolgar-se tanto. Não desse jeito, não acreditando que tudo dará certo.
Como voltar a ser um ser racional quando pode sentir-se longe do chão mesmo que os sapatos chutem as pedras contidas na estrada? Não pode, eis a verdade. Os efeitos que tais acontecimentos causam parecem irreversíveis. Sente intensa euforia.
Vinha fugindo da chamada loucura, mas o que mais pode ser além disso?
Não ousaria usar a palavra "desejo". Ambos não ousariam.
Discute incansavelmente com a distância, ordena que se vá, implora...
A persistência nunca foi tão útil e necessária.
"Assim se buscam os sonhos..", sussurra a voz suave e agradável que a impulsiona quando ela pensa não ser certo.
Confronta-se com problemas e empecilhos, mas nesse exato momento nada seria capaz de fazê-la parar. Nada a faria parar de sonhar.
Pois esses novos sonhos vêm embalados em doces canções e palavras só suas, só deles.
Pois esses novos sonhos a fazem querer viver, como antes jamais quis.

domingo, 4 de julho de 2010

Utopia

Tantos rascunhos feitos, decidiu que seria o último.
Antes era tão fácil fazer, agora, por mais que tente, não consegue pôr em palavras o que foi vivido, o que se sentiu.
Poderia encontrar as mais belas palavras, de nada valeriam quando comparadas ao momento, às mãos que incansavelmente se tocavam, aos braços que insistiam em mantê-la ali.
Desejou voltar e ficar, quis que tudo se tornasse mais fácil, mais simples.
Quando nada se tem, desejar algo não se torna assim tão ruim. De certa forma, até faz sonhar.
Sendo ou não utopia, fez sorrir, e isso basta. Pois necessitava de uma boa dose de felicidade, e a obteve sem grandes esforços.
Felicidade, marcas, aromas, jeitos e formas. Tudo vindo sabe-se lá de onde e indo pra sabe-se lá que lugar, mas hoje, aqui.

Ela

Pedir que justifique seus atos não me trará resposta alguma, sei bem disso. Mas a necessidade de te ouvir pronunciar palavras que me agradam é maior que tudo o que sei. Pois a muito não falas de mim por aí e os teus olhos cansaram de procurar os meus.
É frio, meu bem, o que fará pra me aquecer?
Tão distante, novamente. Como sempre, sou eu quem se locomove em busca do nosso encontro. Mas dessa vez há uma diferença, uma enorme diferença. Te põe quase que em uma fuga. Tentando causar minha desistência espalha nossos velhos planos rasgados pelo chão, como prova de desprezo.
É bem o que busco, tua falsa forma de me odiar. E enquanto a observo mentir não me deixo esquecer de amá-la.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Queda

De nada valem promessas após perdidas e esquecidas. O falso sorriso que vem em conjunto com o aceno superficial poderia facilmente ser substituído por um murro na face. Doeria menos, curaria com maior facilidade.
Folhas e mais folhas registradas com certa caligrafia falam de algo que não se pode mais ver, algo que esqueceu-se de sentir.
O despertar de um sonho sempre foi mais dolorido do que o despertar de um pesadelo.
Seus joelhos sangram, mas demora a notar. Não percebe que mais uma vez encontra-se ao chão, ou ao menos finge não perceber.
Dispensa lágrimas e lástimas. Sabe-se lá de que forma habituou-se ao sofrer, ao decepcionar-se.
Cada ato, por menor que seja, de quem for que seja, trás uma consequência.
Talvez haja motivos para que ela sinta-se tão vazia.
E seu maior medo tornou-se também seu grande aliado. A insensibilidade chega aos poucos...

O mesmo lugar

Direitos momentâneamente revogados. Não se pode sentir, não se pode agir, não se pode nem ao menos existir. O corpo encontra-se estático, e na cláusula 1 os pensamentos são bloqueados.
Há quem diga que é apenas uma opção que pode, e deve, ser substituída por outra. Mas não se trata de um acordo. Uma das partes, a prejudicada, nem consultada foi.
Trata-se de acaso ou, para os crédulos, de destino. Ocasionalmente algo a trouxe até aqui e tomou o cuidado de desfazer a estrada. Presa em certo ponto, frustra-se ao ver que à muito já deveria ter conseguido mover-se.
No ponto em que encontra-se sonhos fogem por entre os dedos feito grãos de areia, e a certeza da rotina, do mesmo agir diariamente, faz com que seu coração pulse num compasso desconhecido, inédito e desesperadamente lastimoso.
Tudo feito de forma tão mecânica e impessoal.
Desesperançosa recorda singelos valores e sentimentos esquecidos aos poucos pela grande maioria da sociedade.
Possibilidades, por menores que sejam, a mantém. A quase inexistente porcentagem de chances de voltar a sorrir com tamanha facilidade quanto um dia pôde ser vista torna-se seu respirar.
E o acordar, para muitos confundido com um novo começar, não passa de um continuar.
Continuar a tentar.
Tentar encontrar. Tentar sentir. Tentar agir. Tentar existir. Tentar pensar. Tentar voltar a ser o que um dia foi.
Sem fardo sob as costas, sem dor sob a alma.

sábado, 26 de junho de 2010

Pequenas Mudanças

As cartas encontram-se sob a mesa, é jogar ou jogar.
As novas regras já estão impostas, elas falam sobre a tua derrota.
Agora me diz, de que forma vai expor tua indiferença se não há saídas e a queda é certa?
Quero ouvir teu esbravejar, quero ver de que forma tu reage a tamanha injustiça.
Torna-se pior quando te atinge sem rodeios, não? É bem mais fácil quando não atravessa teu caminho e não há justificativa para que tu presenceie tal cena.
Pois bem, foi-se o tempo em que não havia necessidade de envolvimento, a responsabilidade está toda em tuas mãos. Engraçado, sempre fugistes delas, agora batem todas à tua porta. À porta não, no teu estômago, trazendo desconforto jamais sentido antes.
Hoje vês a verdadeira realidade e aos poucos te põe a sentir o peso do mundo.
E se pensares por um minuto sequer que tuas ações e tentativas trazem benefícios quase que imperceptíveis, acredite, é ainda pior sem elas.
Marchemos juntos então, pra que um dia possa ser dito que vivemos em um lugar de bem.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Pois pedi que a música cessasse, era de extrema necessidade ouvir a chuva tocar o chão. O som que acalma não trás lembranças, ele as arrasta pra onde eu não as possa ver e dessa forma, me sinto em paz.
A brisa toca meu rosto e me faz sorrir sem motivo algum. Dessa forma que deve ser, da forma mais simples e natural que existe.
Mesmos lugares, novos ângulos. O desconforto da mudança parece, aos poucos, partir.
Volto então a aceitar o que por muito tempo me trouxe revolta. Os desenhos mal feitos após contornados tornam-se belos, acredito que isso aconteça na maioria das vezes.
Por segundos parei e pensei: seria possível fazer com que os outros compreendessem?
Mas não é preciso, então continuo. Ignoro o fato da existência de um mundo ao meu redor.
E como já havia feito, uso palavras após palavras, pra que quem sabe ao lê-las eu possa descobrir o que é que, nesse momento, me faz tão feliz.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Hoje o cinza deu lugar ao azul que cai das nuvens.
Poderia dizer que aquela era uma cena comum, mas não era.
Não pensamos que tal decisão seria tão difícil e doída de ser tomada.
Estávamos nós sentados lado a lado, o trânsito nos prendia como já havia feito, porém dessa vez não se ouviam risos e ninguém atreveu-se a assobiar. Estávamos simplesmente lado a lado e isso era tudo, não haviam mãos que se tocassem ou então olhares trocados. Não fosse a chuva que batia no pára-brisas apenas o silêncio teria sido ouvido. Havia ausência de palavras, não sabíamos o que dizer.
Pensei que traria alívio, faria mais fácil, mero engano!
Não que eu vá voltar os passos e refazer o que desfizemos hoje, mas admito que restou um vazio, com gosto de café.
Agora vejo de uma forma que não esperava ver, que não queria ver.
Suas lembranças encontram-se sobre a cômoda do meu quarto, e as páginas turquesa contém algo que sempre desejei ter. Contém histórias. Não falo de histórias quaisquer, mas das nossas, que em curto tempo, acredito eu que foram escritas.
Não me permito continuar pois a visão embaça e lembranças agradáveis até demais tomam conta de mim.
Não me permito continuar pois não devo me arrepender, não posso, e talvez seja tarde.
É tarde, isso foi tudo.
E os pingos continuam a cair.

sábado, 12 de junho de 2010

Dentre tantas alternativas, escolheu justo a que lhe desagradava. Talvez fosse a forma de pagar por cada plano largado antes mesmo de ser concluído, quando a possibilidade de fazê-lo era grande.
Dentre tantas vozes, muitas agradáveis aos ouvidos, a única que fez-se presente foi a que sabia irritar com um simples "olá". Talvez fosse a forma encontrada de mantê-la calada.
Então a ví caminhar de volta à casa após um cansativo dia de trabalho. Por mais que parecesse calma e leve feito brisa, em sua mente bilhões de pensamentos lhe enlouqueciam. Eram fatos inacreditáveis, problemas insolucionáveis, intensa covardia.
Sentia-se ingrata, sentia-se injusta.
E a imagem que lhe perseguia era de ferimentos físicos que expunham toda a dor de um espírito.
Sentiu-se tudo para alguém e nada para si. Viu que no caminho havia perdido toda sua crença na vida, e toda sua ação em relação a que se quer ou não fazer.
Sentiu-se inútil em suas buscas, lembrou-se não saber por onde começar para que pudesse, enfim, concertar tudo aquilo que havia estragado.
Sentiu-se nada.
Não era ninguém.
E toda e qualquer decisão ou ato necessário fez-se ausente. Hoje não seria capaz de dizer, nem ao menos de pensar.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Teria sido um dia como outro qualquer, não fosse o fato inesperado que fez-se tão cruel.
Conformismo nunca fez parte de seu caráter e vê-la daquela forma, calada e sem reação, fez com que meu olhos humidecessem.
Não estava pronta. Não haveria de estar. Tanta coisa por fazer, palavras por dizer, tal acontecimento não poderia, nem deveria, ser real.
Após ver, tocar e gelar-se ao fazê-lo, duvidou que ali realmente estava aquela que, algum tempo atrás, aquecia feito fogo. Experimentou uma pequena parcela de revolta, que mostrou-se de extrema sutileza.
Quão livre está alguém de passar por tamanho sofrimento? Não está...
Teria sido um dia como outro qualquer, não fosse o resplandescente céu azul e o fato de a saudade lhe apertar forte o peito. Observando-a pude reparar a dor que se expunha em sua face, e seu suplício, quase que imperceptível aos ouvidos, pedia por mais um dia, mais um abraço.
Caso eu soubesse como fazê-lo, realizaria seu singelo e sincero desejo, dessa forma a pouparia, ao menos em parte, do ferimento que sangra em seu peito. Apesar da consciência das verdades, nega-se a acreditar. E lá se vai um ano...
Teria sido um dia como outro qualquer, não fosse o fato de ela continuar a esperar o som do familiar timbre de voz, que sempre soube acalmar como nenhum outro, a pronunciar que tudo não passou de um sonho ruim. O suplício é esquecido, pois agora ela acredita que em breve irá perder-se no velho e aconchegante abraço, acredita que logo poderá adormecer com agradáveis e conhecidas carícias nos fios de cabelo. E na cama feita carinhosamente ao lado do local onde sua querida repousava, estaria livre novamente de todo e qualquer medo.
Ela acredita que teria sido um dia como outro qualquer, onde talvez nem por telefone teriam se falado, mas o simples saber que ainda a veria entrar pela porta se faria de extrema importância.
Mas não foi um dia como outro qualquer, pois não a tem mais por perto e sabe que agora é tarde, ela não voltará..


(vive-se então em companhia à saudade. eu te amo, Rê.)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Erros, falhas e a longa corrida em direção ao perdão.

Mudei meus atos, planos, minha vida por completo.
Vejo tudo arruinado, quebrado, espalhado por aí em questão de minutos.
Hoje, relembrando o sorriso de ontem, permití que a tristeza me invadisse, foi então que descobrí que arrependimento é algo sem sentido, cujos efeitos são invisíveis.
Então, perante tudo e todos me ajoelho e imploro, como diz a velha canção, "é só lembrar que o amor é tão maior"..
E recomeçar, ou então, enfim começar.
Pode ser que seja tarde pra dizer que eu já não quero, e talvez nem possa, ser feliz na tua ausência.
Pode ser que nada mude, mas eu espero que me ouça, pra quem sabe assim contar-te meus medos e receios, meus sinceros sentimentos.
E caso seja tarde.. Ah! Preferia não conseguir pensar, mas acredito que levaria contigo as cores, os aromas e amores, e então voltaria tudo a ser como foi um dia, quando nunca era dia e havia lágrimas pelo chão.
Mas se voltar..
Se voltar prometo o mundo, minha vida e tudo o que posso e não posso alcançar.
Sabes bem tudo que eu sinto e minha disposição de fazer com que tudo seja esquecido,
"é só lembrar que o amor é tão maior"!

sábado, 15 de maio de 2010

Aversão profunda.
Furor incontroverso.
"Nos permite arruinar todos teus sonhos e planos de uma só vez?"
Tua resposta é irrelevante, eles o farão.
Conhecem tua incapacidade de reconstruir, mas continuam a destruir cada uma de tuas certezas.
De punhos cerrados e olhos nos quais o ódio se expressa, se postam à tua frente.
Bingo! Mais uma vez te deixam sem saída e escondem a solução.
Foge, meu bem! É o melhor que tens a fazer! Teu semblante me suplica uma resposta: "Como?!"
Eu vejo teu receio, vejo o sangue que escorre pelo teu peito. Sei que te machucam cada vez mais.
Por um instante sinto-me repugnante por, imóvel, apenas observar.
Sinto meu rosto húmido. Por que te fazem chorar?
Me diz não saber, sei que fez de tudo pra acertar...
Fragmentos do que um dia chamou-se espelho me mostram a realidade que tento esconder.
Hey, garota! Eu sou você.
Hoje perante teu riso disfarcei meu pranto, de pé me sentí desabar, efeito de teus ásperos sentimentos.
No teu olhar vazio não pude ver uma lágrima sequer e nos teus atos, a temperatura ríspida do inverno.
Vejo todo amor que a ti direcionei ser jogado fora, como restos inaproveitáveis, como lixo qualquer.
E se todos podem ver, por que tu não podes?
Apenas bem tentei lhe fazer...
Pedir que deixes teu orgulho de lado, penso eu que não é excesso, comparado a tudo que eu fiz e faria por ti. Não encare como cobrança, apenas breve reflexão.
Agora de longe te observo. Vejo algo que todos viam e eu sempre tentei não ver.
Ser impassível, imprudente, inabalável.
Enquanto pensam que enfim brotará o ódio, me permito apenas sentir a dor.
Deus sabe o quanto me dói te ver fugir quando precisaria apenas pedir perdão.
Mas eu bem soube, desde o princípio, qual seria o fruto desse amor incondicional que dediquei a ti.
É apenas meu pranto que já não pode ser disfarçado e que me acompanha até que eu adormeça.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Inverno

Adeus verão, me despeço sem olhar pra trás,
e o teu choro de tão distante já não poderá ser ouvido.
Um quarto à meia luz e no chão segredos espalhados pra quem os quisesse ver.
Já não sente vergonha do que a trouxe até aqui, porém sabe da real necessidade da mudança.
E os novos trilhos por onde deve seguir se mostram aos poucos, é preciso reaprender por onde ir.
Promessas não cumpridas, palavras em vão, falsos sentimentos.
Tudo perdido, tudo deixado.
Precisa de outra vida, outro lugar. Precisa de algo que lhe traga um bem maior.
Algo bem menos supérfluo.
Precisa da intensidade, da felicidade, da verdade.
Sempre levará os traços de um caminho porcamente calculado, com erros em toda e qualquer esquina, porém o azul que cega e a impede de seguir está prestes a ser oculto pelo cinza do inverno.
Não é deixar que as coisas aconteçam da melhor forma, é fazer e querer que tal fato se torne real.
Seu semblante nunca mereceu a tristeza que carrega,
seus olhos sempre choraram mais do que deveria,
precisava encontrar forças, porém já estava no chão.
Agora pouco importa o que a fez levantar,
pouco importa a saudade que sentirá,
pouco importa o que o coração lhe diga.
As decisões já estão tomadas.
Pobre pequena, de repente se depara com tão complexas decisões que devem ser tomadas em questão de segundos.
Te mostra capaz e segue a razão. És esperta o suficiente pra saber do que precisa,
só não tente olhar pra trás, sabe que algo te prende ali.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

v

Deveria ter dito umas milhares de palavras, mas não pôde. Nunca havia imaginado que o encontraria em tal estado.
Questionou-se onde estaria o sorriso que um dia ele carregou. A resposta logo veio, havia sido substituído por um par de olhos, olhos que suplicam. Um suplício sincero, irrecusável, que pedia pra que ficasse.
Mas não havia mais tempo, e ela não ficou.
E a imagem que persiste em acompanhá-la é da sombra que caminhava para o lado oposto, um princípio de sonho perdido, mais um.
Fizeram-a prometer. Promessas das quais não gostava, promessas que agora devem ser cumpridas. Mal sabem que ela não o recusaria novamente, que por mais que queira não conseguiria cumprir tais promessas.
O desejo que desperta, a alegria que tráz, o corpo que aquece. Não queria perdê-lo. O perdeu.
E o que resta agora é o inconformismo, a inquietide causada pelo fato de tê-lo deixado partir, sem contar o quanto se importou.



(esse achei perdido no meio do caderno)

Nunca quis que fosse assim

Fugir. Ela sempre foi tão boa nisso!
Agora de longe a observo causar mais uma decepção.
Fria, calculista. Passos contados até o inferno.
Posso vê-la fracassar novamente, dessa vez não estarei lá.
E em noites frias, daquelas onde é imprescindível a presença de alguém, as lágrimas inundarão sua cama.
Velhas cenas da constante realidade.
Sinto muito, minha pequena, por muito tempo não conseguí te odiar, mas dessa vez já não sei o que é te amar.

Fim (?)

Hora de juntar as tralhas,
decidir de uma vez o que vai e o que fica.
Não atreve-se a levar nada.
O recomeço sempre deve partir da estaca zero.

sexta-feira, 26 de março de 2010

A mesma letra, um alguém melhor

Não são mais as formas, e sim o jeito. Sei que já falei e re-falei milhões de vezes, sempre o mesmo discurso com novos nomes. Não dessa vez.
Me assusta, me apavora e me impressiona o modo como de um dia para o outro as coisas mudaram por aqui.
Ninguém havia sido capaz, alguém se fez capaz e suficiente, a pouco. E meu corpo treme de medo, de insegurança e saudade.
Aqui estou eu, sorrindo mais uma vez, um sorriso bem mais sincero e gratificante.
Sonhos me invadem, sons me embalam e cores me alegram. Mudo completamente os pensamentos, e tenho orgulho de mim por isso. Não se fala mais de "ti" e sim do que faz em mim.
Eu já não sabia como era ser assim e o receio se esquece, vive-se mais uma vez. Agora acorda-se com vontade de viver, com vontade de te ver. E te sentir, te envolver, te aquecer. Não se pensa em parar, não agora.
Toda e qualquer distância torna-se pequena, toda e qualquer palavra torna-se agradável, todo e qualquer lugar torna-se lar.
Conflitos evitados. Pela primeira vez quero realmente evitá-los. Melhorar pra ti, pra mais ninguém.
Entregar-me, receber-te.
E tudo que eu quero, agora posso ter.
Passo a querer apenas te ter aqui, não necessáriamente perto, mas presente, sempre.

domingo, 21 de março de 2010

Mais um dia estranho

Quanto mais se buscam respostas e soluções, mais dúvidas surgirão e sim, já tem provas disso.
Por mais que pense ter certezas, por mais que acredite já ter traçado objetivos, perceberá que pouco tempo depois tudo poderá ser jogado ao acaso.
E se por um instante tudo que precise seja companhia e palavras sinceras poderá decepcionar-se facilmente.
Uma tarde repleta de sorrisos não é necessariamente felicidade e milhares de pessoas a tua volta não é necessariamente amizade.
Por mais que a verdade possa ser vista nos olhos sempre é possível, e talvez necessário, desconfiar.
O futuro pode ser tão traiçoeiro quanto o passado e os sonhos tão inúteis ou aterrorizantes quanto os pesadelos.
Então se foge da atual e complexa realidade, se fecha os olhos e entrega-se.
O som que acalma e te mantém distante, a mistura que adoça e amarga, a forma como tudo se torna simples e suave e a presença constante de quem te faz tão bem.
Deseja-se que um dia esforços sejam dispensáveis para que tais sentimentos tomem conta de ti.

terça-feira, 16 de março de 2010

Fardo

Por mais estranho que isso possa parecer, digo que sinto toda a tua dor, e a sinto em dobro, por mim e por ti. Ela percorre minhas veias e se torna mais intensa toda vez que eu lembro da minha incapacidade de derrotá-la. Torna-se parte de mim.
Acabo aos prantos jogada a teus pés, pedindo perdão por todas as promessas que tentei e não consegui cumprir, perdão por ter feito com que a eternidade encontrasse o fim, por ter arruinado todos nossos sonhos, tornando-nos incapazes de sonhar.
E quando ergo a cabeça para olhar nos teus olhos e beijar tua boca, que certo dia pediu pra que eu ficasse, quando ergo a cabeça esperando encontrar-te com os braços abertos disposto a perdoar, percebo que tua imagem se afasta, com um certo receio.
É a forma como tudo se acaba, a forma como nós nos acabamos. Alguém celebra enquanto tomamos caminhos opostos. Acredito que uma parte sempre vive. O amor não morre com o fim, por mais que seja nosso maior desejo, por mais que seja nossa maior certeza.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Tomam conta de suas coisas, invadem seu espaço e perante os outros continuam com a razão.
Roubam sua liberdade, desfazem sua verdade e cada pequeno som passa a te irritar profundamente.
Criaram a imagem da perfeição, a idéia do que é certo e tu passa a ser o chamado "errado".
Suas lágrimas agradam, seu descontentamento e desânimo. Alegram-se ao vê-la dessa forma e tu percebe que não há mais saída.
Está presa em um inferno pessoal, o castigo que tanto merece.
Talvez dure uma semana, duas, um mês, dois anos, talvez nunca acabe.
Acabaram-se teus argumentos, as forças esgotaram-se, o apoio que tinha não tem mais.
Pouco importa o que sente, como sente, mas sim o que fez, como fez, mesmo que os dados não estejam corretos. E querem, tentam, talvez até consigam controlar teus atos.
E grita em silêncio contra todo mal que lhe aflige.
Em vão, ninguém irá te ajudar.

/

Incrível a forma como transformam a tua vida num verdadeiro inferno.
Sobre ti jogam palavras que causam ferimentos bem mais profundos do que possam imaginar, palavras que machucam a alma, e fazem isso sem a menor consideração pelos teus sentimentos, como se eles simplesmente não existissem.
O pior é saber que quando o dia clarear irão tentar agir naturalmente.
Sim menina, acreditam que tu é capaz de suportar tudo e continuar errando, continuar falhando, continuar agindo da pior forma possível.
Não garota, a verdade não precisa ser vista, nem ouvida. Acreditam no que lhes convém.
E tu, como sempre, não tem pra onde correr, não tem a quem recorrer e encontra-se a ponto de surtar. Com isso ninguém se importa, contentam-se e acham graça da sua desgraça.
Por um instante não tão pequeno assim, velhas ideias invadem tua cabeça e deseja que tenha coragem pra tomar tais decisões.

domingo, 7 de março de 2010

Adeus, meu menino

Então ele vai morrendo de todas as formas possíveis.
Primeiro por perder a vontade de viver, logo em seguida o coração recusa-se a bater.
Por mais que tudo estivesse planejado, ele perde as certezas.
Pensa no bem causado pelos seus atos, tão insignificante quanto uma gota d'água no deserto.
E tudo de ruim que ia aparecendo pelo caminho, a forma como recusava-o, a forma como acreditavam ser o que fazia.
Os olhos secos, a boca calada e o corpo que ultimamente mal se mantinha de pé.
Por muitas vezes desistiu, muitas vezes esqueceu.
Tentou e fracassou.
Sabe-se lá o porquê, ninguém quis segurar a sua mão, por algum motivo que desconheço ninguém disse que tudo ficaria bem.
E tudo sempre pode ser evitado antes do tempo.
E as pessoas cada vez menos relacionáveis não tentam impedí-lo.
Silêncio.
Agora é tarde.
Tarde demais para encharcar o mundo com suas lágrimas egoístas.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Conflitos

Percebo que os caminhos tornaram-se opostos e que o fim está mais do que anunciado.
Dessa vez não há como fugir ou esconder, então procuro forças para seguir em frente.
Sei bem a falta que fará e a tristeza que será deixada em seu lugar.
E se não for assim tão tarde, digo apenas que meus erros pesaram mais que os teus.
Pra consolo direi a mim que ele foi sobrestimado, que tal valor a ele relacionado era inexistente e que todo o bem que me fez não passou de sua obrigação.
Mas o que fazer se tal pretexto não for aceito?
De que forma não carregar a culpa originária da palavra "desistir"?
Então esqueço tudo o que deveria saber, mais uma vez a razão superada pela emoção.
E o constante desejo de que nossos caminhos tornem-se paralelos novamente.

Dessa vez é a 14

Implora pra que sorria, percebe que daria a vida por isso.
E onde quer que estivessem, buscaria as cores para que colorissem a vida dela.
O quão especial é, o quão errado se torna.
E sempre que está perto deseja que se aproxime mais e mais.
Querer entender até quer, sabe que não vai conseguir.
Quer que sempre esteja presente, sabe que não vai estar.
Mas sabe também que é a forma quase que imperceptível dela de demonstrar afeto que a mantém aqui.
Pergunta o que falta, o que quer. Nem que precisasse ir até o inferno, buscaria.
Estranho ver que junto com o amor vem o ódio, com o ódio o amor
e o medo de perder o que não possui, quem não possui.
Se por ora a vontade é de gritar, apaga-se na cautela, e no mesmo instante a música que a faz tremer, o velho som que a faz lembrar, deseja que não seja a única a ouvi-la.
Recorda a vez que com palavras sinceras e um pedaço de papel a fez chorar,
e enquanto de um lado do mundo as lágrimas corriam de outro os lábios sorriam, pensou ter tocado o tal coração de pedra.
Utopia? Não se sabe, e ela não dirá.
Conhece suas falhas, temores e amores;
conhece seus beijos, abraços, sabores.
Duvida mas sabe que a alegria toma conta dela quando a vê,
disfarçar torna-se inútil.
Sabe que sua melhor defesa é o ataque. Aceita, por ela, por elas.
E o mundo gira ao contrário, nem a gravidade a impede de voar,
porque percebe que é capaz de tudo pra fazer a sua menininha feliz.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Digo que é a letra 18.

Enfim, teu jeito tão familiar,
e a forma como fala e me abraça,
aquela coisa toda que acontece quando nos vemos..
Pernas que andam de um lado para o outro,
o nervosismo que já tornou-se inevitável,
a tua voz, e o tempo que esperei para ouvi-la novamente.
Tantas explicações, tantos erros admitidos,
momentos, lembranças, saudade.
E tenta me convencer que mudou, eu acredito.
É tão bom estar no velho lugar, com a velha pessoa,
não há nada a desvendar, descobre o que sente só de olhar,
a preocupação, as dúvidas, posso vê-las ao vê-lo.
Me habituei dessa forma, me acostumei a ser interpretada por ti,
mesmo que não esteja mais escrito, sabe exatamente o que sinto.
Me conhece tão bem, por mais que duvide disso.
Sabe o que quero, conhece os planos,
engraçado que depois de tanto tempo continua presente em cada um deles.
E diz precisar de mim por perto,
e diz que faço um bem enorme,
mas o "perto" talvez não seja da forma que espero,
o "bem" talvez não seja da forma que quero.
Eu quero tentar, mais uma chance.
Você diz que sabe o que acontece quando vai embora,
eu concordo e digo mais,você não tem mais que ir.
Ah mundinho!
Esse universo próprio bem que poderia parar agora,
parar o tempo, esquecer distância, fazer mudar.
Então tua voz diz que é melhor esquecer,
então minha razão diz que é melhor esquecer,
então eu percebo que não quero esquecer.
Gosto do teu nome, me arrependo de algo,
gosto do teu cheiro e da tua presença,
principalmente quando me conta segredos,
e quando seus olhos quase choram.
Pergunta pela minha paciência, digo que não a encontro mais,
então tu vira o rosto e sorrí.
O quanto eu erro ao agir assim!
Mas já não lembro o que significa "acertar",
e de uma certa forma,tu faz com que todos os erros se tornem úteis,
e de certa forma tu fez com que hoje eu esquecesse o resto,
e eu lembro que isso sempre acontece quando tu está aqui.
Nesse mundo, só nosso, as três palavras são ditas em silêncio.
(eu te amo)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Relembrar - II

Mas se dissesse exatamente o que sente,
ela teria usado aquelas três palavras.
Contaria que a tempos esperava para abraçá-lo
e que nada havia sido apagado.
Se dissesse EXATAMENTE o que sente,
ela diria que dúvidas surgiram sim,
mas que ele conseguiria fácilmente descartá-las.
E o resto não caberia em palavras,
tanta coisa sufocada em seu peito,
ela não saberia nem se expressar.
O corpo grita, a saudade machuca,
e toda a magia do começo está de volta.
Já não sabe se deve permitir-se,
já não sabe se deve reacender o sentimento.
E acreditar, deve?
Decide então deixar toda a responsabilidade nas mãos do destino,
mas sabe exatamente quem tem o total controle da situação.

Relembrar

Eu preciso de você! - ela diz.
Com um gesto ele manda que se cale e a abondona ali.
Ele partiu, não olhou pra trás e fez questão de esquecer o que ela sentia.
Ela ficou, o procurou todos os dias durante dois anos inteiros, não encontrou.
Aos poucos aquela vida deixava de fazer sentido, ele percebeu que não podia a perder, conheceu a saudade.
Nunca havia reparado nos bares da cidade e em como existem pessoas atraentes, ela descobriu o que é 'dar a volta pro cima'.
Era hora de se reaproximar, não deve ser tão difícil, ele pensou que ela ainda estava lá o esperando.
Tão mais experiente, ela já sabe o que lhe agrada, e nota que são bem mais coisas do que poderia imaginar.
Engraçado como o nome dele passa a chamar o dela enlouquecidamente.
Engraçado como ela esqueceu o nome de um tal de 'ele', mas sabe os deles, delas.
Vou voltar! - dizia o recado que ele enviou a ela.
Quem? - foi a resposta que ela enviou a alguém.

Palavras, e só

Me desespero por não encontrar as palavras certas.
Talvez o momento não seja propício, ou a sanidade seja pouca.
Mas há a presença da necessidade, não é mais um simples capricho.
Caneta, papel e palavras que insistem em se rebelar.
E eu, mais teimosa que elas, me recuso a desistir.
Pouco importa se sua ordem não possa ser realmente chamada de 'ordem',
ou então se seus significados não signifiquem nada.
Afinal, assim como não é possível que duas pessoas vejam um objeto exatamente do mesmo ângulo, não poderá ninguém, ao ler essas malditas palavras, entender exatamente o que eu quero dizer.
Principalmente se nem eu mesma souber o que quero que seja dito.
Prometo em breve me calar, mas antes as palavras que por algum motivo atormentam minha mente;
verde, rosto, saudade, olhares, futuro, incerteza, loucura, azul, menina, sonhos, incapacidade, solidão, ciúme, raiva.
E só.

.

Passo a sentir saudade daquela tarde, da forma como a conversa fluía naturalmente, de como os olhos adoravam se encontrar, do fato de apenas estar perto ser o suficiente para nos fazer sorrir.
E, de certa forma, acho que você também sente.
Me ponho a te imaginar, assim como eu, em frente ao telefone controlando-se pra não ligar mais uma vez.
Se tu soubesse o quanto tenho a te agradecer!
Em meio a uma aparentemente interminável turbulência tu me mantém firme e me faz continuar a voar.
Tua simples presença. Admito que preciso dela mais uma vez, e talvez mais outra, mais outra, mais outra... não pensa em ficar por aqui?
Poderíamos esquecer, recomeçar.
Poderíamos redigir um novo começo.
Sabemos muito bem que esforços não seriam necessários, mais do que os corpos, as almas se atraem.
Enfim, a esperada chance de preencher o tal vazio que nos persegue. Eu, tu e o mar...
Mais do que nos auto-conhecer, poderemos conhecer um ao outro.
Sem medo, sem receio, sem mistério, sem segredo.
é, eu acho que gostaria de te ter aqui, sempre.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Terra do Nunca

De supetão todo teu passado jogado sobre ti,
objetos e papéis que trazem consigo lembranças à tempos esquecidas.
A falta de uma voz, de um abraço, e em um segundo não só os olhos, mas a alma alagada.
Se voltar fosse uma alternativa, certamente seria ela a assinalada.
Voltar a brincar e a ser admirada por tão cuidadoso manuseio de suas bonecas;
Sentir-se tão forte por não chorar após uma vacina;
Pensar ser tão amada por ter sempre um colo a sua espera;
Ser mais que o mundo, ser a alegria de alguém.
Tempo tão doce chamado infância, onde sonhar não requeria esforços,
grandes projetos necessitavam apenas de lápis de colorir,
e os olhos brilhavam ao ver um cachorrinho correr no parque;
Onde o maior medo chamava-se 'bicho-papão',
e era facilmente espantado por uma figura chamada 'mamãe'.
Todo dia a descoberta de algo novo nos mostrava como era divertido viver.
E agora, em silêncio os lábios sorriem.
A velha sensação de inocência te traz de volta o desejo de nunca crescer.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

É o começo

Enlouquecendo;
eis a palavra!
Agradeço por mostrar-me.
Não acreditam na minha verdade, consigo continuar defendendo-a?
Apontam meus erros, consigo identificá-los?
Hora desejos, hora repugnância.
E a dor que me persegue deixa de ser física.
Cores, sons, rostos, e sua grande capacidade de mutação.
Gritos, sussurros, gestos, e minha pouca capacidade de entendê-los.
Reclamo a falta de liberdade e o excesso dela.
Me faz mal a solidão e é também tudo que preciso.
Entre a história, intensidade, prazer, expectativa,
entre os jeitos e cheiros, não sei o que escolher;
menos ainda o que mais me agrada.
O que ser? O que fazer?
São as certezas se tornando cada vez menos presentes.
Muda o canal, as estações, troca de sonhos.
Não sei o que pensar, não sei agir, não sei falar.
O que me resta é a (in)certeza de que ainda posso enlouquecer,
em paz.

Acho que é sonhar

Quer encontrar motivos e razões ao seu lado, de leve tocar a sua mão.
Te aquecer nos dias mais frios de inverno e contemplar contigo a chuva que cai.
Espera encontrar-te e perder-se, deslumbrar-se no teu abraço,
e que o silêncio deixado pelas palavras seja preenchido com a presença.
Poder gritar, ou dizer somente a ti, que és bem mais do que esperava encontrar.
Tantos problemas largados ao acaso,
pois o destino foi quem nos mostrou que há sim hora certa, lugar certo para se estar.
Quer dizer-te dos sonhos e planos antes jamais feitos, envolvidos em ti.
E envolver-te, convencer-te, que a companhia é a ideal.
Mais alguns olhares, insisto nos olhos que me trouxeram até aqui.
Como feitiço se mostraram presentes, nos piores dos dias me puseram a voar.
Caso perguntem se tenho certeza do que eu espero,
direi que eu sei a quem eu espero.
Espero notícias,
mais uma chamada.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Não sei dar 'nomes'

Fragmentos de uma pseudorealidade, a velha mania de lembrar da forma mais agradável.
Pensar que se importaram e que realmente faria falta.
Ela sempre quis alguém a chamando de 'meu bem' e implorando por um sorriso.
Querer, querida, não é ter.
Por mais que se esforce, tente mostrar o seu melhor, isso não basta;
então vai seguindo em frente sem saber o que procura.
Mas talvez sirva pra algo, tudo há de servir.
Sofrer faz com que se sinta viva, não?
Pois bem, pode também tirar a vontade de viver.
Esse vazio, meu amor, há de um dia ser preenchido; caso contrário, cabe a ti se adaptar.
Então eu, que a conheço tão bem, sei que vai andar sem direção, acompanhada de uma garrafa de cerveja e pessoas superficiais.
Se eu pudesse, devolveria teus sonhos e te livraria desse inferno.
Se eu pudesse, te abraçaria e afastaria tudo de ruim.
Se eu pudesse, faria alguém se importar e não te abandonar jamais.
Eu não posso...

O meu pior é melhor que isso

Se antes já tinha motivos, agora tem o dobro.
Dessa vez é inevitável, é hora de surtar.
Sempre a quis tão bem, mas dessa vez tudo o que quer é que ela quebre a cara; passa a desejar seu choro, quer a ver pedir perdão de joelhos.
E quanto à aquele, ou aquela, que pouco sabe e muito fala, pois bem, vá pro inferno!
Ofereceu-lhes provas, não quiseram aceitar; diante disso, todos vêem, meu bem, a errada não é você.
Então controle as lágrimas e poupe as palavras, por mais verdadeiras que sejam, eles não as merecem.
O que passarão a pensar, nem tome conhecimento, deve ter alguém que continua acreditando em você.
Cedo ou tarde tentarão te incriminar, mantenha a calma e ponha-se a sorrir. Alegarão sarcasmo, você saberá que é apenas decepção.
Por mais que queira correr, fugir, sumir, morrer, mantenha-se aqui. Sabe muito bem que tudo em algo é útil, e até mesmo esses 'insolucionáveis' problemas têm solução.
Mais uma vez trocará o ano, e no tão esperado mês n°6 o frio chegará; pegue carona com a chuva e vá encontrar o seu lugar.
Quando esse dia chegar, ela ainda estará implorando o seu perdão, e ele, como bom chorão que é, não terá encontrado consolo.
Pelo jeito, mentiras baratas causaram o fim da paz. Sinto muito, agora é tarde demais.
Com todas as pedras que em ti jogaram (ele, ela e mais alguém) tu fará teu castelinho, e um dia vai voltar a sorrir.
Sem culpa, sem medo, enxergarão o teu melhor em breve.

(oi mãe, não uso drogas)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Ou não

Olá espelho. Mais uma vez tudo o que vejo é minha própria imagem refletida.
Onde estão as pílulas da amnésia?
Eu realmente gostaria de esquecer,
esquecer que a algum tempo existiu um sorriso por aqui.
Lembranças, lembranças, lembranças...
Ainda tenho tempo pra desistir?
Pode apagar essas imagens?
Se eu pular daqui eu vou poder voar?
Então alguém diz que não.
Mas quem é você, que nunca está aqui?
E no silêncio, a resposta que eu temia encontrar,
ainda existe uma parte de mim que implora que eu não desista
e que sussurra, dizendo que tudo vai melhorar.

Uma certa paranóia

Em um segundo perco o chão e a raiva toma conta do meu corpo.
O sangue ferve e por mais que eu queira, não consigo me acalmar.
Mais uma cerveja, rápido! O álcool parece agravar a situação.
Não quero ouvir, não quero falar, me deixe aqui um instante!
Resultado de um até então desconhecido chamado ciúme.
MEU/MINHA; não é assim, eu sei, mas estou longe de.. aceitar.
SEU/SUA; que tal utilizá-los agora, caro amigo?
não, não, não!
Enquanto isso, socos nas paredes, bancos e garrafas jogadas ao chão,
o total descontrole.
Passo a odiar as pessoas, o lugar, passo a me odiar.
E agora pouco importa a cor ou intensidade dos olhos, pouco importa se me fez sorrir ou o que me ensinou. Pouco importa com o que se importa ou o que gosta, eu quero apenas conseguir não me importar.
Incapaz. Assim que passo a me sentir.
Incapaz de ter, incapaz de deixar ir.
Se ter passa a ser uma necessidade, deixar ir se tornará quase que um milagre.
Pense, pense, pense! É preciso encontrar uma solução.
Se não tens o porquê de estar aqui, então por que aqui permanece, maldito ciúme?
Talvez a resposta esteja contida no silêncio a seguir... TALVEZ.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

20:20

Dizem por aí que o importante na vida é realizar sonhos, traçar metas, alcançar objetivos;
e que viver sem isso é apenas existir.
Dizem por aí que ela não tem objetivos, desistiu de traçar metas, perdeu os sonhos pelo caminho;
e que ninguém pergunta como foi seu dia.
Ela luta contra as lágrimas,
por mais que tenha motivos pra que as deixe cair.
Outro dia viu que seu passado era vendido no mercado da cidade,
seguiu em frente e prometeu não voltar mais lá.
Chegando em casa sentou-se em frente ao espelho e conversou com sua melhor e única amiga,
que disse que a odiava.
Sentia dor intensa, que começava pela cabeça e se estendia pelo coração,
não sabia que medicamento seria capaz de curá-la,
e por esse motivo tomou todos os comprimidos do armário;
depois disso adormeceu, e ninguém quis acordá-la.
Dizem por aí que ela parecia melhor do que nunca.
parecia..

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

TV - por falta de criatividade

Olhar fixo na tela da TV.
Ali passam imagens que te fazem sorrir.
Começa a pensar que esse é o roteiro que a vida deveria seguir.
O céu sempre tão azul, a grama sempre tão verde..
Mas logo lembra que já não pode ver cores, lembra que aqueles olhos coloridos que prometeram te seguir por onde quer que tu fosse já não acompanham teus movimentos..
O telefone está ali, mas não vai tocar.
E mesmo que tu dê o primeiro passo, mesmo que tu te renda e faça a ligação, o silêncio vai continuar te ensurdecendo.
Pensa nas fotografias que deveria ter tirado, tantos belos retratos poderiam ter sido feitos. Culpa daquele rosto, que se não é o mais bonito, chega perto.
Até mesmo o pingo de chuva que escorria pelo pára-brisas era digno de um registro. Não acha justo que tais imagens só possam ser vistas quando fecha os olhos, porém é em meio às lembranças que muitos álbuns serão guardados.
Apaga-se a luz. Fim do show?
Basta descobrir quem te espera nos bastidores.
E creio que sempre tem alguém..

21/01

Me esforcei pra não lembrar que fazem dois anos.
Me distraí pra não pensar na nossa timidez, em como minhas pernas tremiam e as palavras faltavam.
Você prometeu não esquecer, será que lembrou?
Aqueles números... descobri mais tarde que seria melhor tê-los esquecido, nunca tê-los visto. Mas é tarde, eles estão escritos e ao lado um recado teu.
Me pergunto: o que cabe em dois anos?
Gostaria de pensar antes de tudo nas decepções, mas me vem logo o teu cheiro, teu jeito de me proteger, teu abraço apertado. Me vem tua voz que sussurra tão belas palavras, me vem o som do mar e aquele luar só nosso. Me vem teu nome, que pensei ter apagado, mas por que sai da pele e não da cabeça?
Me perdoem todos aqueles que achavam que nisso eu já não pensava, até mesmo eu acreditei ter esquecido...
Esquece garota! Esquece e vai dormir!
Já vou, mas antes me diz.. tu pensou em hoje estar aqui?

(Sim eu lembrei, sim já estou providenciando que seja novamente esquecido. Não vai ser difícil. Amanhã não é data alguma! Talvez dois anos atrás tenha sido..)

domingo, 3 de janeiro de 2010

WHERE DID YOU SLEEP LAST NIGHT?

Mente atormentada e caminhos confusos.
O sol ofusca minha visão e já não sei para onde ir.
Em meio a tudo isso, escuto sua voz, que me acalma.
Sinto sua mão pegar na minha. Não há mais nada a temer.
Você sabe meus segredos, conhece meus defeitos..
Ligo o rádio e nele toca aquela canção
"My girl, my girl don't lie to me,
tell me where did you sleep last night..."
E tudo que eu sempre quis está diante de mim. Agora já posso ver, e o que vejo é você.
E o mundo?
Que mundo?
E o resto?
Que resto?
Tudo que eu preciso encontro em ti, e é assim que eu quero que seja, é assim que eu espero que seja. Então eu fecho os olhos e me perco no teu abraço...
Ouço novamente tua voz, que dessa vez me faz perguntas.
Onde está teu medo?
Onde está tua solidão?
Foram embora, minha pequena, juto com aquela canção.
"My girl, my girl, where you go?
I'm going where the cold wind blows.."



pra minha bocó, Natália <3
eu te amo demais Natália Luisa (agora ela me mata)
assim, bem gay mesmo.

Azul

Imagens distorcidas de um já então passado e, na mente atormentada, perguntas que não cessam.
Até quando? Até quando?
Os olhos se fecham com tamanha força que pensou jamais ser possível abrí-los novamente, e nem queria fazê-lo.
Dessa forma, com os olhos fechados, as lágrimas desistiriam de cair.
Bobagem!
Rompiam a barreira imposta e continuavam a rolar em seu rosto.
Lembrou-se dos dias em que tinha mãos alheias entrelaçadas nas suas e da forma como o azul-celeste lhe trazia a imagem de alguém.
Lembrou-se da forma como a brisa de Primavera tornava agradável os passeios no parque.
Pôde quase que sentir-se novamente sentada nas escadarias e ouviu quase que perfeitamente o zumbido da abelha que os vinha visitar.
Era a chamada saudade.
A vontade que teve foi de dizer-lhe que já era esperada, que já sabia que sua presença cedo ou tarde viria, mas não pôde, pois não encontrou as palavras. Caso tivesse conseguido encontrá-las, de certo a saudade já teria a resposta preparada:
- Certamente sabia, mas não conhecia minha intensidade.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Fim de ano

(na verdade estou um pouco atrasada, mas são só dois dias.)

Mais uma vez aqui estamos no famoso 'fim de ano'. Mais uma vez tudo que aqui aconteceu, aqui ficará e tudo se resumirá à simples lembranças, muitas das quais ficarão guardadas por muito, muito tempo.
Os dias considerados agora perfeitos farão parte do chamado passado, que aos poucos ficará tão distante que nem ao menos será lembrado. Junto com os dias perfeitos deixaremos pessoas as quais não veremos mais, porém estas estarão longe de serem esquecidas. E ao mesmo tempo que ganhamos a alegria de poder recomeçar ganharemos a tristeza de ter que deixar, a tristeza de saber que é o fim e que muitos sonhos aqui serão deixados.
Ao largarmos a mão do então presente daremos esta mesma mão à incerteza, que nos fará sentir saudade, insegurança. Mas também nos mostrará o quão mais maduros estamos. E sentiremos orgulho. Orgulho por saber como cuidar de nossas feridas.
Chegará o momento em que voltaremos aos dias que mais tarde serão considerados perfeitos. Não serão iguais, mas com a mesma sensação de felicidade.
Os olhos ainda úmidos resolverão sorrir e as pernas até então bambas decidirão voar. Então sorriremos, voaremos e até mesmo cairemos.
Até que novamente chegue aquele tempo... o tempo de recomeçar.



E FELIZ 2010! \o