Era cedo ainda, o sol mal havia posto o pé pra fora, e ela decidiu despertar. Atitude rara, tendo em vista o fato de que são poucas as coisas que lhe agradam mais do que o repouso.
O corpo parecia mover-se no compasso da melodia reproduzida pelos pássaros e confesso que era impossível não contagiar-se com a alegria que a envolvia.
Há tempos não a via dessa forma, sorrindo para a vida. Eu quis perguntar-lhe o que de tão glorioso havia acontecido para deixá-la em tal estado, porém sei o quanto odeia esse tipo de pergunta e, por medo de estragar tudo, calei-me.
Ela agia como se possuísse todo o tempo do mundo, e parecia que o mundo girava somente para agradar-lhe. Eu, seguindo o exemplo do mundo, me via capaz de tudo para que ela permanecesse assim.
Percebi que a observaria por horas, quiçá dias.
Até mesmo seu respirar me encantava.
Senti-me um tolo por isso. De fato, ela havia me aprisionado e o que eu menos desejava era libertar-me.
(Acredito que seja o tipo de coisa que todas gostariam de ouvir.)
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