Todo dia a falta se faz presente. Porém em alguns momentos ela se faz sufocante.
Quis agradecer, mas não te encontrei. Quis dizer que sabia dos teus esforços pra que nada faltasse, que admirava a forma como se sacrificava, sorrindo, em prol do meu bem.
Nas pequenas tarefas cotidianas, a lembrança da leveza que a tua vida trazia para a minha. "O que quer pra janta? Diz que a mãe faz." E o silêncio de agora machucando.
Quis chorar, mas as lágrimas não vieram. Quis deitar do teu lado na cama, segurar tua mão e sentir todos os meus medos se afastando. Não deu.
Pensei no que estaríamos fazendo hoje, agora. Nos imaginei sentando na varanda, com um chimarrão. Pensei na calçada, agora arrumada, presenciando a dança da nossa pequena. E visualizei teu semblante, sereno e feliz.
Quis ver o tempo voltar, planejar nosso sábado, te levar ao cinema. Quis ver teu corpo em frente ao mar, deitado na areia, ao lado do meu. Quis te dizer que dessa vez eu não via motivos pra partir. Mas, quando ví, tu ja tinha ido.
E parece que o tempo passou tão depressa, há muitos "ontens" desde nosso último abraço. Tua última risada, gravada em minha memória, desabrochou de fatos agora tão passados. São quase três anos. Parecem três vidas.
E desde aquele dia, todo dia é dia de saudade. Mas hoje ela veio acompanhada da dor.