Em meio ao tumulto ouço a notícia que me paralisa:
"-Vou partir."
No mesmo instante vejo seus lábios, que tanto me encantam, serrando-se em uma tentativa frustrada de conter as lágrimas.
Como se ainda houvesse tempo de acalentar a dor de uma despedida me diz que vai mas volta, que vai mas posso eu também ir.
E minhas palavras, onde estavam?
Não pude pedir que não partisse ou então falar de amor. Não falei sobre a falta que fará sua voz e seu cheiro, o seu respirar.
Não tratava-se de uma tentativa de fingir indiferença mas de uma impossibilidade de deixar fluir o desespero, como se este estivesse se escondendo para não vê-la sofrer. Não, a isso eu não poderia resistir.
Diante de tal cena, dos lábios trêmulos e corações apertados, me permiti apenas aconchegá-la em meus braços, como sempre fiz nas horas ruins, e dizer-lhe que tudo acabaria bem.
Quem espero enganar? Bem pra quem?
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