terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Incondicional


Desliguei o telefone já aos prantos, olhei para o lado e ali estava ela, a me observar. Agarrei-me a seus braços com força ímpar. Sentia-me feito quando era criança, caía um tombo feio e, em meio ao desespero, mal sabia explicar que parte doía.
Se há alguém nesse mundo capaz de entender-me melhor do que ele, esse alguém é ela.
Se há alguém nesse mundo capaz de perdoar-me mais vezes do que ele, esse alguém é ela.
Se há amor nesse mundo que eu tenha mais certeza que possuo do que o dele, esse amor é o dela.
 E ninguém mais poderia acalmar-me nesse momento do que a figura maternal.
Usou contra mim – melhor dizendo, a meu favor – minhas próprias palavras. “Lembro que certa manhã me falastes das mudanças da vida, logo ela muda novamente, e acaba tudo no seu devido lugar.” E eu sorri. Após longos minutos sem pronunciar uma palavra ou esboçar um meio sorriso sequer, eu sorri.
E sorri de coração, sorri por acreditar, sorri por estar em paz.
Meu desespero era em vão, eu bem sabia. As coisas, enfim, estavam tomando o seu lugar.
Aos poucos consegui larga-la. Ela, carinhosamente, secou minhas lágrimas e beijou minha face avermelhada.
Nesse instante percebi que, dos meus dois grandes amores, um sempre ficará para trás. Que, para ter a presença de um é preciso abrir mão da presença do outro.
Foi minha vez de observá-la.
Minha dor causa nela tristeza maior que a distância é capaz de causar.
Ela preparou-me para o mundo. Moldou-me, sem saber, para ele.
E eu vou, eu o sigo.
E o sigo levando-a no peito, grata por ter-me feito da forma exata que o agrada.
Vou, deixando uma parte de mim, carregando uma parte dela.
Vou amar. Incondicionalmente. Por causa e apesar de.
Como ela me ensinou.

domingo, 18 de novembro de 2012


Como quando quebramos algo e o estrago torna-se irreversível, vejo-nos assim.
Porém, tratando-se de algo que nos inspira afeto, é quase que impossível livrarmo-nos do objeto danificado, e seguimos.
É visível que já não somos os mesmos.
Carregamos os cacos do relacionamento em uma sacola apertada junto ao peito. Machuca, sangra, mas não abrimos mão.
Fomos tanto e esse tanto já foi tão belo que não conseguimos admitir que jamais voltaremos a forma original.
Houve tantas falhas, tantos tropeços, que, aos poucos, fomos lascando o amor até que este se tornasse apenas lembrança. Lembrança tão doce que nos permitimos viver nela.
Talvez fosse tempo de adquirirmos força para jogar os restos no lixo e pormos o lixo para fora.
Talvez fosse tempo de seguirmos apenas com o funcional, com o que permanece intacto.
 Contudo, quando as ações necessárias envolvem libertar um ao outro e desvincular nossos nomes e vidas, nossos esforços são inexistentes.
Habituamo-nos assim, com o menos, com o incompleto. E acabamos por esquecer que merecemos desfrutar do mais. Mais do que podemos ofertar um ao outro.

sábado, 10 de novembro de 2012


O desespero bate à porta. Não só abro como o deixo entrar.
Não me sinto merecedora de ti, de nós,
Porém, sem tua presença, admito não saber o que fazer.
Reviro as gavetas procurando por algo que nem sei o que é ou se existe,
Tomo um banho atrás do outro esperando que a calma me encontre, que eu me reencontre.
Tudo têm sido tão em vão, tão por ser e sem motivos.
Mas não paro, sabendo que a pausa é o que trará a queda.
Sigo trôpega e cambaleante,
Incompleta, dolorida e ferida.
E se sinto o marejar dos olhos convenço-me de que foi a brisa que os deixou assim,
Repito em voz alta que a alma permanece intacta,
Firme, forte,
Mesmo que o sentir diga o oposto.
Oposto.
Acontece que cada palavra me traz tua imagem, tua lembrança.
Que oposto de mim nada mais era do que tu
E não sei se devo me referir a ti no passado, presente ou futuro.
Na verdade, não sei de mais absolutamente nada.
Sei que um dia é só mais um dia enquanto tudo segue dessa forma,
Enquanto sigo vivenciando uma história que não possui princípio, meio ou fim.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Estar presente vai além da matéria,
requer pensamento, espírito,
requer querer.
Pois bem, não estou.
E por onde anda minha presença bem sabes,
bem sabem,
só não sabe quem não quer.
É que, mesmo sem tentar,
encontro-me ao teu lado,
e olho aqui imaginando o que se passa aí,
imaginando o que sentes aí,
imaginando o que ouves por aí.
E me distancio daqui cada vez mais.
Me distancio de mim cada vez mais.
Mas pouco importa,
portanto que de ti consiga me aproximar,
portanto que de mim queiras te reaproximar.
Que, por ti,
descobri que me afasto,
largo, abando.
Por ti faço o que prometi jamais fazer.
Pois saudade,
quando tua,
dói mais que qualquer dor de dente,
incomoda mais que qualquer medo
encharca mais que qualquer temporal.
E não se mensura,
não se escreve,
tampouco descreve.


segunda-feira, 17 de setembro de 2012



Não posso dizer que sou uma pessoa de sorte,
Nunca ganhei sorteios, raspadinhas, um prêmio nessas rifas de almoços de domingo sequer.
Em compensação, teve o dia em que te encontrei.
Teve o dia em que meus passos trôpegos acabaram levando-me ao local onde tu estavas
E minha sede (ou vício) fez-me pedir um gole da tua - justo da tua - cerveja.
Acredito que ali, naquele momento, toda sorte que se fez ausente em minha vida veio à tona,
Feito um bilhete premiado, aonde o prêmio vem acumulado.
Um único pulo certo, o único golpe certeiro que fui capaz de dar,
E eu não preciso de mais nenhum.
Não preciso ter mais daquilo que tive a oportunidade de desfrutar apenas uma vez.
Pois se toda a sorte que me foi reservada resume-se àquele momento, àquele encontro,
Eu estou em paz,
Eu estou bem.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012


O mundo cala perante nós, ou então, quando “nós” volta a existir, diferença alguma faz o som do mundo. Existe apenas o teu, o meu som.
Os risos espalhados pelo quarto, feito aquela bagunça organizada, nos dá a sensação de aconchego, de “nosso lugar”.
Então observo tudo, dos gestos ao eco da tua voz, procurando por resquícios de um passado não tão feliz que ainda possa se fazer presente.
Prendo-me a cada detalhe, capturo-os e peneiro-os, livrando-me, livrando-nos de todo o breu que nos assolou.
E a manhã vem clara. Clara, ensolarada e sorridente.
Vem nova, marcando nossa nova fase, nosso recomeço.
E te olho, nos olho no espelho.
Ainda estamos, ainda existimos, resistimos e sobrevivemos.
Tão bonito nosso dia, nosso promissor bom dia.
Que se inicia com beijos acanhados, toques preguiçosos, e olhos entreabertos,
Mas logo incendeia e aquece. Aquece o corpo, aquece o peito.
E o gelo que tempo e distância formaram se vai tão fácil, tão rápido.
Não há motivos para relembrar o que passou.
E me olho espelho, nos olho no espelho.
Aqui ainda estamos. E é incrível que ainda existimos, que resistimos, porém, o bem querer assim quis, sobrevivemos!
Que, quando é pra ser, quando um ser é pra outro ser, simplesmente é.
E fim.

domingo, 19 de agosto de 2012



Assim como os botes salva-vidas não são notados antes que o navio afunde,
não conhecemos nossa força e auto-suficiência antes que essa seja nossa única opção.
Pois quando nada se tem, quando não se tem ninguém, somos nós por nós enfrentando o descaso do mundo perante as tempestades que afligem nossas vidas, e não nos resta outra alternativa além de suportar.
Suportar para, só então, superar.




sexta-feira, 17 de agosto de 2012


Sabemos que essa conversa nem deveria acontecer.
Falamos de nós como se isso ainda existisse.
Tempos atrás, em um tempo relativamente distante,
optamos por desfazer a ligação que tínhamos,
porém, insistimos em cobranças que já não nos pertencem,
em diálogos acerca do que deveria ou não ter sido feito.
Se o futuro nos reserva algo, deixemos que o destino nos revele,
mas é tempo de parar, de respirar.
Os caminhos, por hora, não são os mesmos.
E todo o stress pelo qual estamos passando é desnecessário.
Esse é o momento em que devemos sorrir,
por outros motivos,
por outras pessoas.
Em algum ponto talvez venhamos a nos cruzar, então, só então,
teremos a oportunidade de rever o que passou,
e de retomar do local onde paramos, se assim acharmos adequado.
Mas não agora.
Não perante a distância.
Estamos cometendo, mais uma vez, erros que interferirão lá na frente.
Saibamos respeitar o que nos separa,
os momentos que temos longe um do outro.
Pode ser que, mais tarde, esses momentos venham e ser esquecidos
mas, agora, devem ser vividos, intensamente,
com a felicidade e liberdade que estes merecem possuir.
Pois, por mais cruel que isso soe,
não somos nada.
E "nada" não tem o direito de intervir na vida de ninguém.
Nos reeduquemos e saibamos viver assim,
distantes e sós.
Livres e bem.
É o que temos pra hoje,
e basta de pensar apenas no amanhã.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Eu? Bem,eu continuo aqui.
Tentando quebrar os elos que nos ligam e fugir das pessoas que insistem em pronunciar meu nome junto ao teu, como sendo um só.
E tentando deixar de te imaginar em lugares que nunca vi, com pessoas que nem sequer conheço. Esforçando-me para não acreditar serem esses lugares melhores do que aqueles que frequentávamos e essas pessoas mais interessantes do que as que deixastes aqui.
Eu estou tentando.
Tentando fazer-me acreditar que não foram meus erros que empurraram-te pra longe daqui, que não é tua ausência o motivo dos meus fracassos e frustrações.
Eu bem que tento.
Sei que, muitas vezes, fui capaz de te enganar e, diante das tuas lágrimas, manter-me implacável. Mas, agora, me sinto tão vulnerável e exposta. Sinto-me tão fraca e estúpida.
Deixei-te ir, sabendo que queria, mais que tudo, que ficasses.
Deixei-te ir, sabendo que, se pedisse, permanecerias aqui.
Fui tola, na hora errada.
E fiz nossas brigas sérias demais, fiz-te confundir insegurança com ausência de amor.
Fiz-te sofrer. E sofri.
Fiz-te mais forte. E desabei.
Que tua casa tornou-se o mundo enquanto a minha tornou-se teu corpo.
E tua casa tu encontras em qualquer lugar, já a minha tornou-se impossível alcançar.
Fui trouxa, na hora errada.
Não encontrei as palavras com facilidade e não preocupei-me em procurar.
Pensei que permanecerias aqui. Que, pacientemente, aguardaria meu sinal.
Mas te fiz forte. Tão forte que não precisou mais de mim.
Tão forte que fostes capazes de seguir.
E eu, bem, eu continuo aqui.
Já andei por essas ruas com outras lembranças e, assim como aquelas, essas hão de desaparecer.
E já tive outros sonhos como os que tenho contigo que, quando menos esperei, foram substituídos por novos.
Fingi, tentei e até mesmo acreditei ser tua, mas a verdade é que nunca fui, e isso torna tudo mais fácil.
A ligação que tivemos foi, por mais que no momento não pareça, muito mais física do que emocional.
E não me importo.
De verdade, não me importo.
Acabei me tornando um pouco mais forte e ciente das coisas.
Sei que não preciso dizer-te que vou, pois ao teu lado nunca estive.
E que não posso pedir-te que fique, pois aqui nunca esteve.
Apenas cruzamo-nos, encontramo-nos em um desses acasos da vida.
Um acaso que me agradou, admito.
Mas basta seguir em frente.
Não fomos e nunca seremos nada.
Compartilhamos alguns sorrisos, alguns segredos.
E superamos alguns medos, avançamos em alguns quesitos.
Nada demais, nada a mais.
Só a vida fazendo o que tem que fazer: proporcionando-nos momentos.
Também não estou fazendo pouco caso, sei que pode parecer.
Agradeço-te pelo tempo.
Agradeço-te a companhia.
Mas é só, foi só.
Agora, na hora de arrancar o pouco do sentimento que acabou surgindo com a rotina, quero que seja tão simples quanto de fato foi.
Chegou tão depressa, que saiba assim ir também.
Afeto é muito para ser gasto com nada.

sábado, 28 de julho de 2012

Demorou, mas aprendeu a gostar da sua sobriedade,
a apreciá-la tanto quanto apreciaria, tempos atrás, a cerveja em sua mão.
Valorizou o fato de, ao entrar nos bares da cidade,
continuar com o peito à frente, ignorando a festa que os hormônios fazem à noite.
E se valorizou.
Dos pés a cabeça, mantinha total controle.
E há quem diga que já não é ela ali,
e ela diz que nunca foi tão ela quanto é agora.
Para a tristeza arrumou novas e melhores soluções,
boas companhias, bons livros, bons filmes.
Das comemorações guardou cada detalhe,
os risos, sorrisos, emoções.
Foi aos poucos que a menina adaptou-se a vida de mulher,
retomou o brilho nos olhos dignos da infância
e reaprendeu a viver,
de forma mais digna,
mais satisfatória.
Deixou então de simplesmente sobreviver.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Adentrou o quarto e procurou vestígios.
Procurou qualquer objeto capaz de me incriminar.
Não encontrou.
Decretou, então, que sua ausência não foi capaz de deixar-me escapar,
de lhe deixar.
E sorriu.
Sorriu aquele sorriso que diz "tu és minha!",
aquele sorriso de satisfação,
pensando-se insubstituível,
insuperável.
permiti que assim pensasse.
Leonino,
seguro, orgulhoso, independente.
Mal sabe o poder que uma geminiana pode ter.
Por baixo dos panos escondi minhas andanças,
o que sua ausência me proporcionou fazer.
E não disse que fui, sem que pudesse perceber,
não contei que voltei, antes que pudesse ver.
Deixei acreditar que aqui permaneci,
quieta, calada, inocente.
Deixei pensar que possui o controle da minha como não chega a possuir o controle da própria vida.
Pois assim sei que vai mas volta,
aventura-se mas acaba exatamente no mesmo lugar.
E, enquanto ausenta-se, me divirto.
Que prometi tempos atrás que já não paro por ninguém,
independentemente da falta que esse alguém me faz.
Não mais!

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Pensar, falar, agir.


"Muito bem, cá estamos nós novamente,
em frente ao portão.
Normalmente nos beijaríamos,
despediríamos,
e aguardaríamos que a semana trouxesse um novo encontro.
Acontece que hoje as coisas serão diferentes.
Devo te dizer que chegou aquele momento,
aquele momento chato de tomar decisões.
Esse nosso vai e vem,
mesmo agradando em muitos momentos - principalmente na cama -
em um quadro geral, me causa exaustão.
Apesar de nossos risos e sorrisos serem muitos,
do fato da tua presença me ser tão natural e agradável quanto respirar
e de termos, desde o princípio, esclarecido nossa situação,
cansei-me dessa nossa rotina maluca.
Madrugada não é hora de chegar,
seria bom se me ligasses apenas para saber como estou.
Pois é, cá estamos nós novamente,
eu deveria te deixar pensar um pouco nisso tudo,
dar-te um tempo para calcular se pesaria mais minha ausência ou presença,
mas não há mais tempo.
A partir de agora, ou é, ou não é.
Quero ter o direito de cobrar-te o que cobro,
quero ter o direito de sentir o ciúme que sinto.
Não, não é justo que eu seja tua sendo que tu, como sei, não és meu.
Exclusividade, meu bem, deve vir de ambas as partes.
Droga, ficou na cara que eu quis usar "fidelidade". Não nego, agora já foi.
Mas algo nessa história toda já não me soa bem.
É como uma música precisando de ajustes,
onde a letra é incrível,
porém, a melodia está descompassada, 
fui clara?
Eu sei, está começando a ficar confuso,
mas acredite, eu estou lutando para manter a coerência das palavras
e explicar-te tudo, tim-tim por tim-tim.
Ai não, teus olhos estão agora perdidos nos meus que,
aliás, eu sinto marejados.
Eu estou com aquela cara, não é?
Aquela cara de coitadinha, que faz com que tu brigue comigo...
Ok, parei. 
Até porque começo a achar que tu podes ler esses meus pensamentos.
E, além do mais, faz um bom tempo que estamos em silêncio.
Tu bem que podias ser mais esperto,
Pega no ar, garoto!
Está na cara, nem estou tentando esconder.
Não é preciso que tu leia meus pensamentos pra descobrir, ou é?
Inacreditável, eu gosto mesmo de ti.."

Então ela inclinou-se, beijou-lhe os lábio e, quebrando o silêncio,
pronunciou:


- Boa noite...



Que esse momento 'mimimi' não seja lembrado. hahaha


Pra não voltar


Estou indo embora.
Embora da tua vida.
Conseguistes maltratar-me tanto,
agredir-me tanto,
que hoje o que mais quero é estar longe,
tão longe que não possa ouvir resquícios da tua voz.
Pedi apoio,
implorei tua ajuda,
mas fingiu-te de cega e virou-me as costas.
Pois bem, eu fui
E ouça bem: nossos caminhos são opostos
e nossas estradas,
feliz ou infelizmente,
não hão de se cruzar.
Eu estou livre,
sinta-se assim também.
Levo o que é meu,
deixo o que é teu
e desfaço a tênue linha que mantinha-nos ligadas.
Eu fui,
sozinha e forte.
Sequei os olhos antes do primeiro passo.
Que por ti,
pelos velhos e sempre presentes motivos,
não derramo mais uma lágrima sequer.
Não faço mais parte do "nós",
a partir de agora sou eu por mim,
diante do mundo,
diante da vida.


E nada há de faltar!

terça-feira, 3 de julho de 2012


E tu, 
que no começo me soava estranho, esquisito,
de impensável passou a indispensável.
Que não sei o que somos,
mas sei que sou melhor contigo.

domingo, 1 de julho de 2012


Faltou o sono,

ou então o aconchego que meu corpo encontra no teu para que eu possa adormecer.
E eu espero.
Espero a ligação que vem sempre tarde,
tão tarde que faz-me pensar que nem é hora de vir.
Mas nada peço além de companhia nessa noite que fez-se demasiadamente cruel,
que multiplicou saudades,
exagerou na solidão.
Nada peço além de umas horas de sossego,
daquele teu carinho forjado,
e que amanhã, ao despertar, me desejes bom dia,                  
com um sorriso nos lábios.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Selvagem


Teus instintos fazem-te querer fugir.
É que, além de homem, és bicho,
E, ao contrário do que pensam,
És bicho pequeno e frágil
Quando comparado ao tamanho e força da tormenta que está por vir.
Teu suor é tua lágrima contida que encontrou forma de escapar,
Teu tremor é o desespero que tua calma forjada tenta camuflar.
És também bicho,
E apesar da capacidade que tua parcela homem tem de inventar,
Teu lado selvagem não mente,
Tampouco pode criar um jogo no qual saibas jogar e reinar.
E o bicho que há em ti emite sinais os quais desconhece estar enviando,
Teu lado bicho exibe tudo aquilo que tentas ocultar.
Teus olhos de homem são agora olhos de rato assustado, apavorado,
Que tenta sobreviver ao invés de viver.
Tuas pernas de homem são patas de um cão surrado, maltratado,
Que tenta, mesmo manco, correr para qualquer lugar.
E teu peito, teu peito de homem, agora é o peito de um gato traído,
Abandonado pelo dono em um terreno qualquer.
És também bicho,
E quando este te domina, tu já não raciocinas.
Torna-te dependente dos reflexos,
Dos medos ou então das ações de outrem.
És também bicho,
Bicho que em tempos difíceis há de imperar.
Então, mova-te homem,
E adestra o bicho que mora em ti!
Ensina-o a atacar para não ser atacado,
Ensina-o a suportar para não ser aniquilado.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

B A S T A !


Basta!
Dessas lembranças e locais,
desses locais que trazem aquelas lembranças.
As ruas são as mesmas,
o clima me é familiar,
contudo, o tempo é outro.
E eu,
eu tenho que seguir,
eu devo seguir.
Me esforço, tento, procuro,
e não consigo.
Acontece que minha mente, meu peito,
ficaram presos a ti,
entrelaçados às lembranças que deixastes,
que formastes.
E eu quis, desde o princípio,
ter a capacidade de manter-te aqui,
de ser tudo aquilo que te manteria firme caso te arrancassem o chão.
Eu quis, desde o primeiro dia,
ser tua primeira lembrança, quando ausente,
teu primeiro pensamento ao despertar,
e o último antes que adormecesses.
Quis ser feito sonho e,
em determinados momentos,
fiz-nos viver nossos piores pesadelos.
Perdi o controle.
Como costumavas dizer,
minhas palavras não correspondiam aos fatos,
e jamais fui capaz de provar o contrário.
Acontece que eu fazia e, em seguida, dizia não querer ter feito,
e o que não dizia, o que deixava nas entrelinhas,
era justamente o essencial.
Que te amava, te adorava.
Que tinha medo.
Medo de te deixar, de seguir contigo.
Que tinha medo!
Que me deixasses,
que ficasses por tempo curto demais,
que estivesses mentindo.
E, por ter sido covarde,
tão covarde como nessa vida nunca vi alguém ser,
perdi o controle.
E perdi.
Perdi o pulso, o que sabia me fazer feliz.
Mas eu realmente te amava, te adorava.
E o passado não deve ser empregado na frase anterior.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Tua carta, para que outros leiam


Meu amor (atrevo-me a chamar-te assim mesmo sabendo que já não és meu),
Escrevo-te hoje com o peito encharcado e os olhos marejados, não são boas novas que trago a ti.
Ontem traguei meu último cigarro, li as palavras impressas com a tua caligrafia naquele cartão, e desabei.
Desabou também o último pilar de esperança que se mantinha firme em mim. São tuas respostas, cada vez mais escassas, a presença de outra em toda e qualquer nova fotografia que vens a tirar.
Concluo que é assim que acaba não o amor, mas a história. Prometeu-me um livro, criou um conto. Contos também são belos, porém, breves. E eu digo-te adeus.
Digo-te adeus carregando-te no peito, marcando-te a ferro na lembrança. És agora livre, meu bem. Somos.
Daqui sigo, embora, admito, com ausência de vontade. Mas desejo que sigas com a mesma fome de viver e amar que tinhas quando te conheci. Que amanheças todos os dias ao lado da mesma mulher e que esta te sorria, te valorize e te queira tanto quanto te quero. Desejo-te dias ensolarados, que da chuva deixei de gostar, campos azuis de tão verdes, olhos transparentes de tão sinceros.
E peço-te que não cruzes meu caminho, nem me trate com carinho ou respeito.
É que daqui eu sigo, melhor dizendo, tento seguir, mas se passas por mim perco o equilíbrio, saio do eixo, e esqueço o adeus, que já é hora de dar.


À Nós


Bom dia!
Essa mensagem é para trazer à tona aquilo que esquecestes,
Para fazer-te lembrar da beleza que a rotina permite que esqueças,
Do mágico espetáculo contido em um simples amanhecer.
Larga o fardo que carregas e recordas que
Boas novas podem vir após as árduas horas de trabalho.
Abre as janelas do peito,
Permite que tua alma seja banhada por novas águas,
Purificada com novos ventos.
Abandona os erros, sem esquecê-los. 
Não se martirize, apenas siga por uma nova estrada.
Assim como o bom lhe fará bem, as dificuldades também farão,
Torna-te sábio através delas.
Aprende e, se preciso, reaprende.
Há tempo, sempre há tempo para o que se quer fazer.
Não deixe que o relógio te domine,
Programe as horas, guie tua própria vida.
A impossibilidade existe a partir do momento que acreditamos nela,
Arranque-a do teu vocabulário!
Se não foi dessa, tente outra e outra e outra vez.
És capaz, somos!
E não precisamos que nos lembrem disso todas as manhãs.
Desperta, olha-te no espelho.
Se aqui estás é porque aqui é o teu lugar.
Não há caos, não há desespero.
Abre os olhos e enxerga, está tudo em seu devido lugar.
Depende apenas da tua pessoa,
Esse pode ser mais um dia,
Ou então pode ser O dia da tua vida.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Amadurecer só.


O ciúme gela meu sangue e me petrifica.
Não que eu tema que encontres alguém melhor que eu,
Temo é que te habitues à presença de alguém pior.
Pois podes sair e deparar-se com o simples, com o fácil,
E então decidir que não voltas,
Talvez por preguiça ou indisposição de enfrentar minhas manhas,
Minhas manhãs.
Pois sempre dissestes que meu despertar, além de belo,
É amargo,
Tanto quanto o fruto que ainda não amadureceu.
Mas prometestes que aguardaria,
Que, com paciência, esperaria pelo momento certo,
Esperaria que o fruto caísse do pé para que o juntasse,
O abrigasse, o consumisse.
Prometestes que permaneceria,
Apesar da falta do doce.
Que, relevando o franzir das sobrancelhas, ficaria.
Dissestes que saberia lidar,
Que saberia cuidar,
Que se manteria firme, forte.
Mas te vejo ausentar-se, afastar-se,
Aproximar-se daquilo que dizia considerar fútil.
Vejo-te partir.
E, petrificada que estou,
Não consigo mover minhas pernas para caminhar em tua direção
Para pedir-te que voltes, que te demores mais um pouco.
Meu doce perfume ainda é fraco,
Incapaz de ser exalado até o ponto em que chegastes,
Acontece que, como sabes,
O fruto ainda não amadureceu, apenas amanheceu,
Mas tu já não estás aqui pra socorrê-lo.
E eu temo.
Temo minha queda diante da solidão.

Basta encontrar


Amor à primeira vista,
Eu acredito!
Acredito que a vida,
E o corpo,
Possam nos enviar sinais de que aquela é a pessoa certa,
A nossa pessoa.
Seja uma vontade repentina de afastar-se, de recusar,
Ou um desejo indescritível de entregar-se, de ficar,
São os sinais, considerados pequenos,
E por vezes esquecidos, que compõem a fórmula de tal romance.
Uma breve reflexão fez-me comprovar sua existência:
Relembrei a primeira vez que o vi.
Um encontro qualquer, embriagado, e pronto,
Fez-se o amor.
Fez-se a vontade de ver, de contar, de dividir.
E fez-se também o ciúme, as cobranças, as brigas,
Tudo demasiadamente cedo,
Deslumbrantemente intenso,
Desesperadamente sincero.
Fez-se o amor a partir do primeiro olhar,
Concretizou-se com a primeira palavra.
Não tão simples quanto possa parecer,
Nem tão complexo quanto possam imaginar.
Compreendo que quem não o vive não bote fé em tal,
Mas eu, que por ele passei,
Nele vivi,
E por ele sorri,
Não boto só fé,
Boto simpatia, carisma, apreço,
Que esse amor,
O que surge à primeira vista, meu bem,
Esse não tem preço!

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Incompreensível

Queria entender.
Entender se essa coisa toda é ódio ou amor.
A linha que os divide é tão sutil quanto nossas palavras nunca foram.
Pesa-me a nuca, me gira o mundo,
E me vem uma vontade absurda de afastar-te,
Trazer-te logo pra perto de mim.
Queria entender.
Entender se te amo ou detesto.
Se tua presença me renova ou abate.
Se nos completamos ou nos arruinamos sem ao menos haver necessidade de atos.
Queria entender, porra!
Entender o porquê de ser só tu capaz de me tirar do sério, de me tirar a paz,
De me arrancar essas palavras que tanto detesto, de me fazer vulgar.
Então tu calas e me faz falar e falar e falar incessantemente.
Me diz o porquê!
O motivo!
O motivo de diante de ti eu fazer-me de forte, guardar as lágrimas e o sentimentalismo
E, na ausência, desabar, gritar, pestanejar!
O motivo de o meu peito manter-se apertado e de tanta saudade, mesclada à fúria.
Explica-me!
Explica-me o que acontece, como consegues, sem vir, me enlouquecer,
E deixar-me com um grito preso na garganta,
Um grito de desespero, de impotência,
Um grito de dor!

sexta-feira, 27 de abril de 2012

O dar-se conta

Humilhei-me.
Rastejei em ruas imundas,
Conformei-me com restos e migalhas,
Suportei vícios nojentos.
Degradei-me.
Fiz de mim, que era luz,
Breu tão profundo que se afastaram,
Deixei que noites mal-dormidas trouxessem-me olheiras,
Que a pele secasse,
Que o corpo quase sumisse.
E acreditava estar tudo certo,
Acreditava estar agindo de forma correta.
“Acontece que o amor faz sofrer,
Antes de voltar,
Antes de re-entregar-se”
Permiti, admito,
Que apunhalassem,
Quebrassem,
Pisassem.
Permiti que fizessem de mim lixo,
Que me tratassem como tal.
E permiti com o peito aberto,
Permiti sorrindo,
Amando,
Recordando bons e velhos, tão velhos tempos.
Se não ligasse pensava eu que outrora ligou,
Se não amasse aceitava eu, pois em tempos remotos chegou a amar.
Aceitei.
Aceitei do ruim ao péssimo,
Do péssimo ao horrendo,
Do horrendo ao insuportável,
Do insuportável ao insustentável,
Até cair por terra e confessar, mesmo que com lágrimas nos olhos,
Ser impossível formar o presente de passado,
Fazer do presente o passado.
E deixei ali todos os dejetos – e objetos – de uma vida que jamais mereci.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Quando, na verdade, era o começo.


Confesso que começamos com o pé errado
E acertar o passo não foi tarefa nada fácil.
Vezes eu me adiantava e te deixava observando meus atos,
Minhas falhas,
Outras tu corrias e mostrava-me que também havia aprendido a errar.
Contudo, aos poucos, fomos pegando o ritmo,
Percebendo que, quanto mais perfeitas fossem as pessoas
Menos as queríamos.
Aprendemos a amar o que de pior havia no outro.
E seguimos...
Houve momentos em que derrubamos um ao outro,
Um tropeço seria simples demais,
Gostávamos mesmo do exagero!
Vimos sangue, choro, ira!
Mas também sorrisos incontáveis e impagáveis.
Criamos nossa própria essência,
Que poucos foram capazes de compreender,
Por vezes nós mesmos não pudemos!
Tentei te afastar muitas vezes,
Tentastes fugir também,
Porém vinha a lembrança, mais vívida e resplandecente do que nunca,
Atormentava, incomodava, enlouquecia,
Até que voltávamos, com aqueles olhos de ‘cachorros-pidões’
Ao ponto em que nos conhecemos e esquecíamos o que havia se passado,
Mesmo sabendo que era tanto!
E havia tanto perdão em nós,
Tanto amor!
Que me ligava as duas, três, cinco da manhã!
Fizesse sol, chuva, caísse o mundo em forma de flocos de neve...
Pouco importava!
Dirigia-se ao telefone público, com meia dúzia de unidades no cartão telefônico
E, quando eu atendia, dizia: “Como é bonita, essa tua voz...”
Agora, relembrando tudo,
Somando todos nossos esforços,
Revivendo todas nossas dores,
Ainda não encontro resposta.
Tento, juro, e não encontro.
Não há forma de compreender o motivo de termos declarado,
Através de um consenso,
Que aquele era o nosso fim,
Quando, na verdade, está na cara de que se tratava do começo.

Até chegar...

Não são poucos, os problemas.
Forjam soluções a todo, qualquer momento,
Logo em seguida mais uma, duas, quatro bombas.
Dá saudade. Saudade da vida simples, de reclamar de barriga cheia.
Agora, quando há motivos, não se sabe por onde começar o desabafo,
E cala.
Contudo, o silêncio incomoda,
Traz estranheza aos que a conhecem.
Menina peralta,
Sorriso e riso fáceis,
Felicidade estampada.
A flor desabrochou
E então, murchou.
E dói tanto.
Ela ia longe, ia toda,
Ia só e com vontade,
Quando percebeu, talvez tarde,
Que não era só que queria estar,
Nunca quis.
Perdeu os trilhos, o farol, e não mais os encontra.
“Por onde seguir?”
Ela grita, pede, implora por resposta,
Que não vem.
Ninguém vem.
Voltar, que nunca havia sido opção,
Tornou-se a única alternativa,
Mas, pra trás, há tanta turbulência,
Tanto desentendimento,
Se ao menos tudo se encontrasse como no princípio,
Se ao menos ele se mostrasse como no começo,
Seria tão fácil suportar,
Seria tão simples sorrir,
Seria um retrocesso,
Mas o melhor de todos.
Agora segue, pra lá, pra cá,
Vai e volta,
Sem saber ao certo pra onde ir.
O peito sabe,
Razão finge não saber.
Que quando pensa, sabe o que quer.
Mas quando pensa teme,
E teme mais ainda sentir o temor.
Sendo assim deixa, leva.
Leva por mais um dia, um mês, um ano.
Leva enquanto der pra levar,
Enquanto o peito não explode e a domina,
Enquanto o sentir não a leva para outro lugar.
Para aquele lugar.
Para o lugar em que realmente deseja estar.

terça-feira, 27 de março de 2012

Sobre enlouquecer

Por não querer ouvir nada,
Cogitando a hipótese de que poderiam a desencorajar,
Temendo que provocassem suas lágrimas,
Não acreditando que poderiam vir verdades de quem ou o que quer que fosse,
Optou pelo silêncio,
Procurou pelo silêncio,
Onde nem o vendo a tocasse ou soprasse uma nota sequer.
Esqueceu as canções.
Deixou para trás os sons das vozes e os cantos dos pássaros.
Outrora tudo aquilo lhe agradava,
Por vezes demasiadamente,
Que faziam-a estampar face de tola,
Fosse no quarto, embalada pelo rádio,
Ou na avenida, dançando ao som causado pelo impacto dos pneus com os paralelepípedos.
Tiraram-lhe a magia.
Arrancaram-lhe as crenças.
E não falo da crença que nos remete à fé em Deus, em deuses,
Conto sobre a crença que envolve a fé que nos move,
A fé na vida.
Fizeram-a duvidar de si,
Duvidar dos outros,
Duvidar de tudo.
Não que dúvidas devam ser inexistentes,
Contudo, a ausência de quaisquer certeza forma a loucura,
E foi ali, diante dela,
Que ela encontrou o silêncio absoluto.
E, a partir daquele momento, todas as noites passou a adormecer naquele quarto branco.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Longe de ti...

Fecho os olhos com força,
Como que esperando que, ao apertá-los,
Esse aperto do meu peito passe.
É que dói.
Mesmo quando de leve, quase esquecido,
Machuca, maltrata.
E eu aqui, pensando em mil e uma soluções,
Elaborando planos que não tenho condições de pôr em prática.
Eu aqui, pensando e pensando e pensando e,
Quando não penso, quando sonho,
Sonho contigo, com isso,
Com nós.
Mas, quando vem o dia, vem dizendo que já foi,
Que passou, que assim é tão melhor...
Minto!
Quando vem o dia, amanhece com teu gosto, com teu cheiro,
E as sombras formam tuas formas,
E não há forma,
Haja o que houver, ajo como se tu estivesses a me observar.
E não há jeito.
O jeito é te trazer de volta,
Te ver voltar e fazer com que me queiras, com que queiras ficar.
Ou então me carrega contigo,
Carrega minha angustia, minha loucura pra perto de ti.
Me carrega contigo,
Carrega meu riso e sorriso, que são teus, sempre junto ti.
Que lidava tão bem, cuidava tão bem,
E relevava os atritos, como eu nunca soube fazer.
Lidava tão bem, cuidava tão bem,
Que me fez pensar que eu bem sabia me cuidar,
Podia ir pra longe, te deixar.
Como se eu pudesse deixar parte de mim pelo caminho,
Como se parte de mim pudesse pôr-se a andar sozinha por aí.
Não pode, não deve.
Deve voltar,
Voltar e ficar.
Aqui, bem perto,
E, de perto, escutar,
Pela milionésima vez, meu pedido de perdão.
Perdão!
Por pensar que, sem ti,
Eu ainda seria capaz de sentir,
E ser alguém.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Mais uma vez, a saudade.

Saudade vai dar,
afinal, a vida é cheia de idas e vindas, sendo assim,
a saudade não tem como ficar de fora.
Ora vai dar saudade do verão, ora do inverno,
saudade da companhia e, quando acompanhado, da solidão.
Vai dar saudade do cão arteiro,
do peixinho sem graça,
do periquito cantor.
Da infância também vai dar!
De se sujar na grama, na tinta, no barro,
de dar trabalho!
Vai vir a saudade dos amigos,
amigos que sabemos que nunca foram amigos,
amigos de faz-de-conta,
da família amiga,
daqueles que foram cedo demais..
Lembrei que vai dar saudade do vô, da vó,
da prima,
e que essa saudade vai doer tanto
que vai te arrancar uma lágrima (ou milhares delas).
E vai dar saudade do amor,
daquele que chamou de amor,
daquele que te chamou de amor,
de ter qualquer palavra para lhe dizer.
Vai dar saudade de quem foi, deixando a presença,
de quem ficou, ausentando-se,
dos que mudaram por querer, precisar,
por necessidade ou por... sabe-se lá o que!
Sei que eu, que quase nada sei,
sei que vai dar saudade!
Saudade bonita, doída, poética,
saudade que faz rir, sorrir e chorar.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Qualquer coisa.
Qualquer coisa capaz de acalmar,
De apagar.
Seja voz, bebida ou abraço.
Mas pra já, pra ontem!
Pois das rasteiras que a vida dá,
Cansei!
E, se não é pra desistir,
Que haja um belo de um motivo para continuar.
Sei que com essa angústia,
Com esse peso,
Ah! Assim não dá!
Então,
Que venha o copo,
Que venha o corpo.
Que venha algo que queira, enfim,
Realmente ficar.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Distância e Presença

Não saber se dormiu cedo e acordou tarde,
dormiu tarde e acordou cedo,
teve insônia e refletiu,
lutou contra o sono e perdeu.
Não fazer ideia se achou, embriagado, o caminho de casa,
se andou de mãos dadas até lá,
se foi para casa de outro alguém,
se evitaram a casa e se perderam por aí.
Mas saber que mantém a velha mania de ser estonteante,
a capacidade absurda de fazer o que bem entende
e continuar a me encantar a cada reaparição.
Saber que, em algum momento,
encontra meus pertences e sorri,
mesmo que depois os guarde e os esqueça.
Que somos livres, bem sabemos.
Vamos, voltamos,
falamos sobre e ocultamos.
Contudo, o que não podemos negar é a intensidade dos momentos,
dos nossos momentos,
que chegam derretendo o gelo que o mês formou.
Vem adentrando, explodindo, invadindo.
Com a distância sabemos lidar, já com a presença...
Quando a temos é sem moderação!
Te arranco pedaços, me tira do sério.
E rimos, sorrimos,
gritamos!
Diferente não há de ser.
Não espero que seja.
Vai, vive.
Que eu vivo bem por aqui.
Mas, ao me ver,
me quebra, conserta, me vira ao avesso!
Intensidade nunca é demais.