Humilhei-me.
Rastejei em ruas imundas,
Conformei-me com restos e migalhas,
Suportei vícios nojentos.
Degradei-me.
Fiz de mim, que era luz,
Breu tão profundo que se afastaram,
Deixei que noites mal-dormidas trouxessem-me olheiras,
Que a pele secasse,
Que o corpo quase sumisse.
E acreditava estar tudo certo,
Acreditava estar agindo de forma correta.
“Acontece que o amor faz sofrer,
Antes de voltar,
Antes de re-entregar-se”
Permiti, admito,
Que apunhalassem,
Quebrassem,
Pisassem.
Permiti que fizessem de mim lixo,
Que me tratassem como tal.
E permiti com o peito aberto,
Permiti sorrindo,
Amando,
Recordando bons e velhos, tão velhos tempos.
Se não ligasse pensava eu que outrora ligou,
Se não amasse aceitava eu, pois em tempos remotos chegou a amar.
Aceitei.
Aceitei do ruim ao péssimo,
Do péssimo ao horrendo,
Do horrendo ao insuportável,
Do insuportável ao insustentável,
Até cair por terra e confessar, mesmo que com lágrimas nos olhos,
Ser impossível formar o presente de passado,
Fazer do presente o passado.
E deixei ali todos os dejetos – e objetos – de uma vida que jamais mereci.
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