segunda-feira, 4 de junho de 2012

Selvagem


Teus instintos fazem-te querer fugir.
É que, além de homem, és bicho,
E, ao contrário do que pensam,
És bicho pequeno e frágil
Quando comparado ao tamanho e força da tormenta que está por vir.
Teu suor é tua lágrima contida que encontrou forma de escapar,
Teu tremor é o desespero que tua calma forjada tenta camuflar.
És também bicho,
E apesar da capacidade que tua parcela homem tem de inventar,
Teu lado selvagem não mente,
Tampouco pode criar um jogo no qual saibas jogar e reinar.
E o bicho que há em ti emite sinais os quais desconhece estar enviando,
Teu lado bicho exibe tudo aquilo que tentas ocultar.
Teus olhos de homem são agora olhos de rato assustado, apavorado,
Que tenta sobreviver ao invés de viver.
Tuas pernas de homem são patas de um cão surrado, maltratado,
Que tenta, mesmo manco, correr para qualquer lugar.
E teu peito, teu peito de homem, agora é o peito de um gato traído,
Abandonado pelo dono em um terreno qualquer.
És também bicho,
E quando este te domina, tu já não raciocinas.
Torna-te dependente dos reflexos,
Dos medos ou então das ações de outrem.
És também bicho,
Bicho que em tempos difíceis há de imperar.
Então, mova-te homem,
E adestra o bicho que mora em ti!
Ensina-o a atacar para não ser atacado,
Ensina-o a suportar para não ser aniquilado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário