terça-feira, 27 de março de 2012

Sobre enlouquecer

Por não querer ouvir nada,
Cogitando a hipótese de que poderiam a desencorajar,
Temendo que provocassem suas lágrimas,
Não acreditando que poderiam vir verdades de quem ou o que quer que fosse,
Optou pelo silêncio,
Procurou pelo silêncio,
Onde nem o vendo a tocasse ou soprasse uma nota sequer.
Esqueceu as canções.
Deixou para trás os sons das vozes e os cantos dos pássaros.
Outrora tudo aquilo lhe agradava,
Por vezes demasiadamente,
Que faziam-a estampar face de tola,
Fosse no quarto, embalada pelo rádio,
Ou na avenida, dançando ao som causado pelo impacto dos pneus com os paralelepípedos.
Tiraram-lhe a magia.
Arrancaram-lhe as crenças.
E não falo da crença que nos remete à fé em Deus, em deuses,
Conto sobre a crença que envolve a fé que nos move,
A fé na vida.
Fizeram-a duvidar de si,
Duvidar dos outros,
Duvidar de tudo.
Não que dúvidas devam ser inexistentes,
Contudo, a ausência de quaisquer certeza forma a loucura,
E foi ali, diante dela,
Que ela encontrou o silêncio absoluto.
E, a partir daquele momento, todas as noites passou a adormecer naquele quarto branco.

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