Meu amor (atrevo-me a chamar-te assim mesmo
sabendo que já não és meu),
Escrevo-te hoje com o peito encharcado e os
olhos marejados, não são boas novas que trago a ti.
Ontem traguei meu último cigarro, li as
palavras impressas com a tua caligrafia naquele cartão, e desabei.
Desabou também o último pilar de esperança
que se mantinha firme em mim. São tuas respostas, cada vez mais escassas, a
presença de outra em toda e qualquer nova fotografia que vens a tirar.
Concluo que é assim que acaba não o amor,
mas a história. Prometeu-me um livro, criou um conto. Contos também são belos,
porém, breves. E eu digo-te adeus.
Digo-te adeus carregando-te no peito,
marcando-te a ferro na lembrança. És agora livre, meu bem. Somos.
Daqui sigo, embora, admito, com ausência de
vontade. Mas desejo que sigas com a mesma fome de viver e amar que tinhas quando
te conheci. Que amanheças todos os dias ao lado da mesma mulher e que esta te
sorria, te valorize e te queira tanto quanto te quero. Desejo-te dias ensolarados,
que da chuva deixei de gostar, campos azuis de tão verdes, olhos transparentes
de tão sinceros.
E peço-te que não cruzes meu caminho, nem me
trate com carinho ou respeito.
É que daqui eu sigo, melhor dizendo, tento
seguir, mas se passas por mim perco o equilíbrio, saio do eixo, e esqueço o
adeus, que já é hora de dar.
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