quarta-feira, 27 de julho de 2011

Pele, vísceras e voz (10/05/11)

Dessa vez não há pressa. Antes houve, à tarde. Mas não agora, momento em que a lua se faz dona do céu.
A pressa foi banida, foi junto com o sonho que transformei em pele, vísceras e voz. Sonho que me tocou o corpo, a alma. Sonho que disse adeus sem pestanejar, sem que eu percebesse ou permitisse. Mas foi
E foi sem olhar para trás, foi ficando, foi apenas ausentando-se, mas permanecendo aqui.
O toque antes digno de desejo aos poucos se tornou rotineiro, comum.
Eu fui me esvaindo, me apagando, desaprendendo a sorrir. Fui deixando, abandonando.
Abandonei pessoas e lugares. Me abandonei em algum lugar, não reencontrei. Não procurei. Eu não quis. Não sozinha. Caso houvesse o sonho – leia-se “O” e não “UM” – procuraria e, certamente, encontraria. Sim, casou houvesse o sonho eu me encontraria. Meu riso ecoaria e eu retomaria o meu lugar.
O velho lugar.
Aquele lugar ao lado do bar, pertencente a mim e ao meu sonho.
Lembrando: falo do meu sonho de pele, vísceras e voz. Quanta voz!
Ali, ao lado do bar, os drinks na mão. Drinks negros, pela noite que vem. Negros. Seus cabelos, que mais tarde serão presos.
São os drinks, ou o suor. São as vísceras. Ou a pele. Sim, a pele.
Não é mais a lua que dá o tom claro à noite. É a pele, minha pele. “a pele branca...” O som, a voz.
Depois a voz desperta. Amanhã, mais tarde.
Agora eu sonho. Mais um pouco.
Estico o tempo ao máximo. Não há mais tempo. Nem pressa. Nem nada.
Tudo porque não há mais sonho de pele, vísceras e voz. Principalmente voz.

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