quarta-feira, 27 de julho de 2011

02/05/11

Me encanta e apavora a capacidade que tenho de eternizar pessoas.
Basta um olhar, uma confidência, por mais breve ou tola que seja, para que mente e coração trabalhem juntos com o único intuito de não deixar cair no esquecimento.
Quis tanto que me vissem dessa forma. Que meu nome remetesse a um sorriso e que lembranças fossem incontáveis.
Quis não ser eu por alguns instantes. Que os papéis se invertessem para que minhas manias e sonhos fossem relembrados por aquele com quem os compartilhei.
Mas, talvez, se o jogo fosse oposto, eu seria o canalha.
Doce canalha que habita os pensamentos de outrem, lhe tira o sono, a razão e, por vezes, a alegria. Tudo tão disfarçadamente ciente. O problema é que eu não saberia disfarçar. Então deixaria de ser doce para tornar-me simplesmente canalha. Talvez lhe dissesse que sua presença não me agrada, mas que seu corpo me é útil. Lhe arrancaria a esperança, diria que foi o que foi e fim. E só diria se me perguntasse, caso não o fizesse, esqueceria.
Não, eu não saberia ser doce. Saberia apenas ser canalha. Pode ser que por isso tudo seja assim.
Eu me encanto, ele esquece.
Eternizo no peito meu doce canalha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário