sábado, 27 de agosto de 2011

O encontro não foi planejado, nunca era

Havia algumas centenas de pessoas e eles.
Mais uma vez, eles.
Não poderiam, não deveriam, mas do acaso saiam faíscas.
Evitaram o quanto puderam.
Evitaram o ‘olá’, as ligações, o contato, até mesmo que os olhares se cruzassem.
Evitaram o quanto puderam, mas em determinado ponto não quiseram mais fazê-lo.
Iniciaram uma conversa. Uma inocente conversa.
Em meio à conversa os corpos gritavam, os sinais falavam mais do que as vozes. O desejo pesava.
Muita gente, muito barulho.
Saíram.
Reiniciaram a conversa em um novo lugar.
Assim é mais fácil, menos luz, menos gente, mais calor.
Não poderia, não deveriam, mas queriam tanto.
Nada ali era relacionado ao amor.
Na verdade ele disse que a odiava. Ela sorriu e pediu que ele repetisse. A frase não soava com fúria, era sussurrada. Era sussurrada quantas vezes ela pedisse que fosse. Ela pediu tantas vezes quanto quis ouvir, para gravar bem.
E no mais, ele não mentiu. Mentiu apenas quando ela pediu que ele o fizesse, não antes nem depois.
Ele era um tanto quanto obediente, porém o que fazia sem que ela pedisse também a agradava.
Ele sabia agradar.
E ela dizia que o odiava. E ele sorria todas as vezes em que ela dizia.
Ele pediu que ela não fizesse mais aquilo, ela disse que faria, ele hesitou e concordou.
Não havia algo que ele desejasse mais do que aqueles momentos, a presença dela em meio ao clima de aventura.
“Não me ofereça mais cafés, não me ofereça mais carinhos.” – Era o que ele dizia, sem convicção alguma.
“Da próxima trago cervejas.” – Agora sim, convicção, certeza.
Um tanto quanto desesperado ele sorria, assentia e esperava.
Apenas esperava, pois nunca sabiam quando seria “a próxima”.
Não marcavam.
Até porque não poderiam, não deveriam. Mas se o acaso queria tanto...

“Oh that boy's a slag, the best you ever had. ♪ ”

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