sábado, 6 de agosto de 2011

Acordei e me disseram que não havia mais o que temer (22/05/11)

Pediram que eu considerasse a presença do sol.
Aos poucos tomei coragem, dirigi-me à janela de meu passado e abri uma fresta. Era preciso encarar tudo novamente. Era preciso superar para enfim seguir.
O problema é que talvez eu tenha aberto a fresta em lugar indevido. Vi tanto que tive e não voltarei a ter. Vi a parte que me prende não os passos, mas o peito.
A fartura era tanta. Transbordavam alegrias, companhias, sonhos. Eu não pude ver em que ponto tudo aquilo foi perdido, mas hoje sinto a falta. Não que não houvesse algo que não faltasse naquela época. Faltava sobriedade, angústias e incertezas. Mas afinal, que falta isso faz?
Resolvi então fechá-la. Fechá-la e focar no sol que hoje me prestigia com a sua visita. Mas apesar do calor que os raios transmitem me sinto fria. Tão fria quanto minhas mãos.
Eu não queria fechar a janela, mas adentrá-la. Retomar tudo aquilo que ficou para trás. Sentir o sangue pulsar novamente, aquecer-me. Trazer à tona toda e qualquer discussão, tocar e ser tocada, amar e ser amada. E ser lembrada. Principalmente lembrada.
O temor voltou.
Não havia meios, tudo já se foi. Todos já se foram. Até mesmo aqueles que contaram-me da presença do sol já haviam partido.
Percebi que não temo o futuro, temo que o presente torne-se demasiadamente rápido passado. E isso tem acontecido tanto de uns tempos pra cá!

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