sábado, 2 de novembro de 2013

Repassei mentalmente tua imagem e trejeitos, pus pra tocar disco com o som do teu riso.
Bem melhor.
Que espécie de loucura é essa? Que pesadelo é esse e porque não consigo despertar?
Meus questionamentos talvez sejam os mesmo de muitos no dia de hoje: se eu tivesse te ligado naquela tarde vazia, teria te valido o dia, como diz a canção? E havia algo ao meu alcance? Havia forma de eu te mostrar que dividiria o peso que sentias nas costas, se assim quisesse, se me permitisse?
Imploro por fé cega, pra crer que tu te encontras agora em lugar melhor, mas não consigo. Não consigo sequer imaginar o que vem depois.  O que vem depois, pra mim e pra ti.
Como será perceber que tu não voltas a cada mês, que não divides os acontecimentos? Como será não ir aos lugares que vínhamos planejando e não te ter por perto nas grandes datas e comemorações?
Permito-me a raiva. Raiva de ti. Por ter rasgado nossos planos, não ter aberto o peito o suficiente. Por ter te tirado de mim.
Permito-me a raiva. Raiva de mim. Por, quem sabe, ter feito pouco do que pra ti era muito, do que estava prestes a estourar.
Parte minha vai contigo. Parte tua fica aqui.
E eu..
Eu repasso mentalmente tua imagem e trejeitos, ponho pra tocar disco com som teu riso. 
Porque assim é bem melhor,

porque é assim que eu quero lembrar.












sábado, 28 de setembro de 2013

A noite implorava por lágrimas, bem como meus lábios pelos teus.
Sussurrei uma prece sem jeito, quebrando o silêncio que só não se fazia mais cruel do que o inverno. 
Pedi que eu fosse capaz de encontrar forças, que eu não me permitisse desabar.
Lembrei, então, de uma dúzia de vozes. 
Vozes que diziam quão bela nossa história se fez, quão admiráveis havíamos nos tornado. 
Não quis beleza ou admiração.
Quis-te perto, pra já, pra ontem.
Que dói o peito tanto amor diante da ausência. 
Porém essa parte os que admiram parecem não compreender. 
Só conhece quem sente, compartilha quem vivencia. 

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Noite passada pude imaginar, fantasiar com um futuro há tanto prometido pra nós, tão bom.
Nenhum detalhe me escapou, admito. Dos teus olhos me sorrindo pela manhã ao aroma que deixavas nos cômodos pelos quais passava, tudo tão claro, tão vívido, tão real.
Noite passada era calmaria, como se tua voz me soprasse boas novas ao pé do ouvido. Noite passada era paz.
E eu, noite passada, tinha a certeza de que o tempo de espera que nos resta nada mais é do que os milésimos de segundos de um piscar de olhos.
Como quando te vi partir, noite passada foi embora antes que eu me considerasse pronta pra um novo dia, antes que eu quisesse enfrentar de frente o por vir.
E nessa manhã não tive certeza sobre a pressa do tempo.
Tratando-se de imagens não há nenhuma, a não ser os resquícios daquelas dos dias em que tu estavas aqui.
Nessa manhã, se fez sol não vi, se choveu não senti.
Foi uma daquelas manhãs que surgem por simples dever, sem pretensões ou objetivos. Manhãs que devem ser vividas mesmo que não saibamos como as viver.
E eu quis correr. Correr pra qualquer lado que devolvesse os sentidos.
Correr pra longe, pra perto de ti.
Quis ter a paciência que tu tens, quis ter a força que tu tentas me transmitir.
Mas nessa manhã nada mais fez sentido.
Na maioria dos dias nada mais faz sentido.

Tem sido assim, longe de ti.

domingo, 26 de maio de 2013

Dias como esses,
em que penso demasiadamente na vida,
fazem-me perceber que
de nada me valeriam mais trocentos dias sem compromissos inadiáveis
ou trabalhos desagradáveis,
a paz não me encontraria se tu ainda não te encontrasses por aqui. 

domingo, 28 de abril de 2013


Transcendendo os significados de amor e presença,
Ultrapassando todo e qualquer limite com qual outrora me deparei.
Eu vou além,
Faz-me ir além.
Tentei, dia desses, desvendar os porquês,
Nada feito.
Pra isso, pra nós, não há explicação.
Sinto-te como parte de mim tão essencial quanto um membro,
Sem o qual todo pequeno ato seria uma difícil adaptação.
Porém, tendo-te em mim, tudo flui tranquilamente,
Tudo parece estar – como de fato – no seu devido lugar.

segunda-feira, 25 de março de 2013


Fecho os olhos. Não é hora nem local, mas eu fecho.
Preciso olhar pra dentro, preciso sentir-me aqui.
Do mundo exterior só ouço os ruídos, deixo de fazer parte.
Procuro insistentemente por minha paz.
Esqueço que aqui não é onde gostaria de estar, esqueço que as vozes que ecoam não são as que eu gostaria de ouvir, esqueço que o clima não é o que me agrada.
Eu respiro fundo. Respiro fundo, preenchendo meus pulmões. Faço-o uma, duas, cinco vezes. Vou fazendo-o até perder a conta. Respiro fundo como se fosse natural esse meu respirar.
A lágrima que beira meus olhos eu prendo. Foco no escuro, foco em esquecer. E esqueço os motivos que a fazem querer escorrer, esqueço o princípio e o ápice da dor.
Eu esqueço. Eu digo a mim mesma que esqueci.
Talvez eu pudesse adormecer agora. Quem sabe eu quisesse adormecer agora. Quem dera eu pudesse adormecer agora...
Os ruídos... Que ruídos?
Ouço o vento. Tem canção tocando sem instrumentos, sem voz. Tem árvores, pássaros, tem um rio. Meus pés molham, meus ombros molham, eu ameaço afogar. Mas tem algo que me salva. Tem alguém que faz com que eu queira me salvar.
Respiro fundo. Aliás, continuo respirando.
Eu abro os olhos. Não que eu queira, mas, como disse, não é hora nem local.
E eu vejo o caos.
Seguro firme.
Seguro firme, pois sem quem sou.
Sou minha força, meu equilíbrio.
Seguro firme, e vou.

quinta-feira, 14 de março de 2013


Quando vê tá aí, chegou.
Quando vê já foi, passou.
E quando vê o passatempo vira vício,
o amuleto preferido é esquecido.
Quando vê, tem um fio de cabelo branco,
uma gordurinha indesejável em algum lugar.
Ou então, de repente, tu já não vê,
não vê com tanta frequência,
com tanta facilidade.
Quando vê, tu nem sente mais falta,
não sente mais falta de coisas pelas quais outrora tu chorou.
Quando vê o álcool não é mais nada,
quando vê tu nem faria nada diferente,
quando vê tu percebe o lado bom de todas as situações.
E quando vê tu aprecia mais tua casa,
tu aprende que família é família,
que os amigos acabam sendo sempre os mesmos
e que é o orgulho que te faz não ter pra onde correr.
Quando vê,
tu põe o pé no freio,
tu desacelera teu coração.
Quando vê, tu vê.
tu vê beleza na simplicidade,
vê quão breve podem ser as más situações.
E desvenda o tempo,
e descobre que tempo é na verdade nada,
tempo é, na verdade, aqui.
Quando vê, tu descobre que ver de nada vale,
o que vale de fato é sentir.
E, quando vê, tu fecha os olhos.
E, sem ver,
Sente com tamanha intensidade que chegou a duvidar que existiria.

sábado, 9 de março de 2013


Tu tens nos olhos um brilho que me acalma
E que apaga o que quer que tenha acontecido de ruim entre nós.
Trazes na voz uma melodia aconchegante,
Uma familiaridade tão bonita que me enche o peito de bem-estar.
E me faz tão bem estar contigo, em qualquer lugar.
Que um segundo me vale feito hora,
E um sorriso me vale mais que ouro.
E eu, sendo data comemorativa ou não,
Te desejo todo bem, todo o amor.
Pois és nada menos do que o que me faz forte,
Do que o que me torna capaz.
Capaz de carregar toda dor do mundo nas costas,
Toda saudade existente nos ombros.
E, por ti,
Faria, faço e farei muito mais.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Que os meus lábios, ao tocar os teus, transmitam a doçura do mundo que a rotina nos permite esquecer, e que meu corpo, ao aproximar-se de ti, oferte-lhe a ideia de entrega que vai além da matéria e do compreensível.
Pois espero poder fazer-te sentir aquilo que nunca tivestes a oportunidade.
Quero proporcionar-te calafrios, dúvidas, saudades, e o alívio para todos estes males.
Espero ser tua loucura, tua imprudência, tua insensatez. E também tua calma, teu porto seguro, tua fé.
Quero que creia cegamente em minhas palavras, não procure por mensagens nas entrelinhas, pontos fora do lugar.
Por vezes, espero que me repreendas, alerte-me, aponte o meu melhor.
E não cale, fale. Mas fale suave, jeitoso, mantendo a afeição.
É que quero. Ser. Ter.
Por completo, sem objeção alguma.
Quero ter-te tanto quanto tua sou. Mesma parcela, mesmo ritmo.
Quero-nos.
Juntos. Tão juntos quanto um.
Mesmos caminhos e, enfim, na mesma direção.

A falta


Acompanha-me a insaciedade. 
Algo me falta. Falta-me alguém.
Faltam teus olhos penetrados nos meus enquanto teu corpo retira-se devagar,
E teu riso ao ver meu franzir de sobrancelhas pela manhã, minha luta contra o fechar dos olhos na madrugada.
Minutos atrás faltou teu sermão, quando acendi meu quarto cigarro. E no quarto faltou teu aroma, tua organização.
Na festa passada faltou tua insensatez, sobrou bebida por faltar tua presença.
No almoço de domingo faltou o churrasco, faltavam motivos para celebrar.
Quando peguei o ônibus faltou o toque discreto e ardente das tuas mãos,
Quando liguei na novela faltou teu discurso contra tal.
E faltou as horas aprenderem a tiquetaquear mais depressa,
as semanas organizarem-se para que passem sem serem vistas.
Faltou tanto, um bocado de coisas. 
Coisas tão simples que falta aprenderem a falta que faz.
Mas, em meio a tanta falta, há amor de sobra. 
Sorrio, certa disso 
Então, adormeço bem.