Acredito que tu esperavas por isto.
Não sei se pelos atos, mas pelas palavras.
Queiras ou não, me conheces,
e sabes que cedo ou tarde elas vêm.
E, por surpresa, nem mesmo eu sei
se a próxima linha trás uma ofensa
ou um pedido de perdão.
A verdade é que cansei.
Não de ti, não de nós,
mas de mim.
Cansei das minhas tentativas falhas
de através de erros tentar acertar.
E é mais do que visível e compreensível
que cansastes também.
Então guarde uma boa lembrança
daquilo que aqui foi vivido
e pelos teus trilhos,
estes mesmos que quebrei
e tivestes que sozinho concertar,
encontre alguém,
alguém diferente de mim.
Que te faça sorrir
quando quiseres chorar,
e que te acalme e não grite
quando te puseres a gritar.
Pois bem, alguém diferente de mim.
Que não erre teu nome uma vez sequer,
que decore teu telefone,
que te ponha de pé.
Alguém assim, diferente de mim,
mas que te ame tanto
quanto eu te amei
e faça todo bem
que eu te desejei.
sábado, 30 de outubro de 2010
Frustração
Pela janela daquele quarto via cenas do cotidiano. Os mesmos carros, as mesmas faces, o mesmo lugar, mas nada daquilo a envolvia.
Nas paredes passavam cenas, como que saídas de um retroprojetor, de um passado não tão distante que a fazia sorrir. Invejou tanto a liberdade dos pássaros até que a obteve por completo, e ao fazê-lo sentiu-se assim, tão só, que desejou retornar à gaiola.
Eram horas e horas sem que voz alguma lhe dissesse algo, e os raios de sol que entravam por debaixo da porta não eram nem comparáveis àquele sol que lhe aquecia a pele nas tardes de domingo que passavam no parque. O único aconchego do qual agora poderia desfrutar fazia-se através de seu velho edredom, que já havia tomado a forma do seu corpo. O telefone há tempos também havia se calado. Até pensou em telefonar, mas não saberia para quem.
E tantos nomes dominaram-lhe a mente, tantos jeitos e trejeitos. Se soubesse a falta que fariam nunca os teria afastado dessa forma.
Quis mudar, não pelos outros, mas por si.
Recordou quem foi, quem deixou de ser, e questionou-se o porquê de mudanças tão drásticas. Seja lá qual tenha sido o motivo, chegou a conclusão de que não havia valido a pena. Era agora exatamente da forma que um dia quis ser, percebeu então o tempo perdido enquanto caminhava em busca deste objetivo.
Era nada, nem pra ela, nem pra ninguém. Não sentiriam sua falta, não tocariam no seu nome, não fariam questão de relembrar momentos vividos ao seu lado.
Sentiu então uma forte dor no peito e percebeu que os olhos começavam a lacrimejar. Não chegava a ser um choro, nem ao menos tristeza, estava mais próximo de uma frustração não contida. Era nada e deu-se conta.
Torceu então pra que não fosse tarde demais
e recomeçou.
Nas paredes passavam cenas, como que saídas de um retroprojetor, de um passado não tão distante que a fazia sorrir. Invejou tanto a liberdade dos pássaros até que a obteve por completo, e ao fazê-lo sentiu-se assim, tão só, que desejou retornar à gaiola.
Eram horas e horas sem que voz alguma lhe dissesse algo, e os raios de sol que entravam por debaixo da porta não eram nem comparáveis àquele sol que lhe aquecia a pele nas tardes de domingo que passavam no parque. O único aconchego do qual agora poderia desfrutar fazia-se através de seu velho edredom, que já havia tomado a forma do seu corpo. O telefone há tempos também havia se calado. Até pensou em telefonar, mas não saberia para quem.
E tantos nomes dominaram-lhe a mente, tantos jeitos e trejeitos. Se soubesse a falta que fariam nunca os teria afastado dessa forma.
Quis mudar, não pelos outros, mas por si.
Recordou quem foi, quem deixou de ser, e questionou-se o porquê de mudanças tão drásticas. Seja lá qual tenha sido o motivo, chegou a conclusão de que não havia valido a pena. Era agora exatamente da forma que um dia quis ser, percebeu então o tempo perdido enquanto caminhava em busca deste objetivo.
Era nada, nem pra ela, nem pra ninguém. Não sentiriam sua falta, não tocariam no seu nome, não fariam questão de relembrar momentos vividos ao seu lado.
Sentiu então uma forte dor no peito e percebeu que os olhos começavam a lacrimejar. Não chegava a ser um choro, nem ao menos tristeza, estava mais próximo de uma frustração não contida. Era nada e deu-se conta.
Torceu então pra que não fosse tarde demais
e recomeçou.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Feito sonho
Era cedo ainda, o sol mal havia posto o pé pra fora, e ela decidiu despertar. Atitude rara, tendo em vista o fato de que são poucas as coisas que lhe agradam mais do que o repouso.
O corpo parecia mover-se no compasso da melodia reproduzida pelos pássaros e confesso que era impossível não contagiar-se com a alegria que a envolvia.
Há tempos não a via dessa forma, sorrindo para a vida. Eu quis perguntar-lhe o que de tão glorioso havia acontecido para deixá-la em tal estado, porém sei o quanto odeia esse tipo de pergunta e, por medo de estragar tudo, calei-me.
Ela agia como se possuísse todo o tempo do mundo, e parecia que o mundo girava somente para agradar-lhe. Eu, seguindo o exemplo do mundo, me via capaz de tudo para que ela permanecesse assim.
Percebi que a observaria por horas, quiçá dias.
Até mesmo seu respirar me encantava.
Senti-me um tolo por isso. De fato, ela havia me aprisionado e o que eu menos desejava era libertar-me.
(Acredito que seja o tipo de coisa que todas gostariam de ouvir.)
O corpo parecia mover-se no compasso da melodia reproduzida pelos pássaros e confesso que era impossível não contagiar-se com a alegria que a envolvia.
Há tempos não a via dessa forma, sorrindo para a vida. Eu quis perguntar-lhe o que de tão glorioso havia acontecido para deixá-la em tal estado, porém sei o quanto odeia esse tipo de pergunta e, por medo de estragar tudo, calei-me.
Ela agia como se possuísse todo o tempo do mundo, e parecia que o mundo girava somente para agradar-lhe. Eu, seguindo o exemplo do mundo, me via capaz de tudo para que ela permanecesse assim.
Percebi que a observaria por horas, quiçá dias.
Até mesmo seu respirar me encantava.
Senti-me um tolo por isso. De fato, ela havia me aprisionado e o que eu menos desejava era libertar-me.
(Acredito que seja o tipo de coisa que todas gostariam de ouvir.)
sábado, 2 de outubro de 2010
A fuga
É como se houvesse um labirinto no local pertencente aos pensamentos, e a cada esbarrada em um novo muro os sentimentos se modificassem bruscamente.
Nas marcas vistas no decorrer da estrada nada é dito, o subentendimento predomina, porém agora, talvez pela primeira vez, sinto a necessidade de esclarecimentos.
Pouco sei sobre tudo aquilo que deveria saber, já não me reconheço na imagem projetada sobre as águas e a voz que pronuncia palavras escolhidas por mim não chamo de minha.
Nomes fogem do meu alcance, não sei quem citar, sobre quem falar, de quem lembrar ou quem deveria preencher esse lugar.
Então me vejo correndo e gritando, sem saber o que busco ou o que preciso.
Me vejo correndo e gritando, porém não desejo parar.
Hoje eu tentei fugir.
Amanhã provavelmente tentarei de novo.
Nas marcas vistas no decorrer da estrada nada é dito, o subentendimento predomina, porém agora, talvez pela primeira vez, sinto a necessidade de esclarecimentos.
Pouco sei sobre tudo aquilo que deveria saber, já não me reconheço na imagem projetada sobre as águas e a voz que pronuncia palavras escolhidas por mim não chamo de minha.
Nomes fogem do meu alcance, não sei quem citar, sobre quem falar, de quem lembrar ou quem deveria preencher esse lugar.
Então me vejo correndo e gritando, sem saber o que busco ou o que preciso.
Me vejo correndo e gritando, porém não desejo parar.
Hoje eu tentei fugir.
Amanhã provavelmente tentarei de novo.
Despedida
Evitou o toque, a fala e evitaria estar ali, naquelas circunstâncias, se fosse possível.
O desconforto era visível mas, engraçado, ela não destruía nada.
Tentava acreditar que aquilo tudo nada mais era do que um "até logo" porém, tinha cara de "adeus".
E seus pensamentos, caso pudessem ser ouvidos, diriam: "Vai embora dor, vai embora dor, vai embora dor..."
Olhou uma única vez para trás e pôde vê-lo observá-la, depois disso seguiu em frente, não porque queria, mas porque era necessário.
Necessário, necessário, sempre esse maldito "necessário"!
"É necessário que eu me vá."
"É necessário que eu fique."
Mas e agora, qual é a necessidade?
Ela cansou.
E toda aquela aparente força e certeza de um futuro ao lado daquele que acabara de partir havia acabado.
Ela desabou.
Agora de nada adiantaria desviar os olhos para o lado, para cima ou para baixo, as lágrimas haviam a encontrado.
Ela quis gritar, consigo mesma, com o mundo, com o nada ou com ele. É, melhor com ele, mais uma vez.
Quis ter mais tempo.
Mais tempo para perder, para errar, para tentar. Quis ter mais tempo para ter.
Querer, querer, sempre esse maldito "querer"!
"Quero ficar."
"Quero ir."
E agora, o que é que se quer?
Ela fechou os olhos.
Era muito pra pensar e ela queria apenas esquecer. Queria?
Amanhã seriam os mesmos lugares, mas por onde andariam os passos que a acompanhava?
Depois de amanhã seriam os mesmos lugares, até quando faria aquele caminho sozinha?
Ela quis não pensar e conseguiu apenas recordar.
Era um presente que tornava-se passado, um passado que tornava-se cada vez mais presente.
Os pensamentos continuam: "Vai embora dor, vai embora dor, vai embora dor..."
E ela espera que a dor se vá.
O desconforto era visível mas, engraçado, ela não destruía nada.
Tentava acreditar que aquilo tudo nada mais era do que um "até logo" porém, tinha cara de "adeus".
E seus pensamentos, caso pudessem ser ouvidos, diriam: "Vai embora dor, vai embora dor, vai embora dor..."
Olhou uma única vez para trás e pôde vê-lo observá-la, depois disso seguiu em frente, não porque queria, mas porque era necessário.
Necessário, necessário, sempre esse maldito "necessário"!
"É necessário que eu me vá."
"É necessário que eu fique."
Mas e agora, qual é a necessidade?
Ela cansou.
E toda aquela aparente força e certeza de um futuro ao lado daquele que acabara de partir havia acabado.
Ela desabou.
Agora de nada adiantaria desviar os olhos para o lado, para cima ou para baixo, as lágrimas haviam a encontrado.
Ela quis gritar, consigo mesma, com o mundo, com o nada ou com ele. É, melhor com ele, mais uma vez.
Quis ter mais tempo.
Mais tempo para perder, para errar, para tentar. Quis ter mais tempo para ter.
Querer, querer, sempre esse maldito "querer"!
"Quero ficar."
"Quero ir."
E agora, o que é que se quer?
Ela fechou os olhos.
Era muito pra pensar e ela queria apenas esquecer. Queria?
Amanhã seriam os mesmos lugares, mas por onde andariam os passos que a acompanhava?
Depois de amanhã seriam os mesmos lugares, até quando faria aquele caminho sozinha?
Ela quis não pensar e conseguiu apenas recordar.
Era um presente que tornava-se passado, um passado que tornava-se cada vez mais presente.
Os pensamentos continuam: "Vai embora dor, vai embora dor, vai embora dor..."
E ela espera que a dor se vá.
Partiu
Em meio ao tumulto ouço a notícia que me paralisa:
"-Vou partir."
No mesmo instante vejo seus lábios, que tanto me encantam, serrando-se em uma tentativa frustrada de conter as lágrimas.
Como se ainda houvesse tempo de acalentar a dor de uma despedida me diz que vai mas volta, que vai mas posso eu também ir.
E minhas palavras, onde estavam?
Não pude pedir que não partisse ou então falar de amor. Não falei sobre a falta que fará sua voz e seu cheiro, o seu respirar.
Não tratava-se de uma tentativa de fingir indiferença mas de uma impossibilidade de deixar fluir o desespero, como se este estivesse se escondendo para não vê-la sofrer. Não, a isso eu não poderia resistir.
Diante de tal cena, dos lábios trêmulos e corações apertados, me permiti apenas aconchegá-la em meus braços, como sempre fiz nas horas ruins, e dizer-lhe que tudo acabaria bem.
Quem espero enganar? Bem pra quem?
"-Vou partir."
No mesmo instante vejo seus lábios, que tanto me encantam, serrando-se em uma tentativa frustrada de conter as lágrimas.
Como se ainda houvesse tempo de acalentar a dor de uma despedida me diz que vai mas volta, que vai mas posso eu também ir.
E minhas palavras, onde estavam?
Não pude pedir que não partisse ou então falar de amor. Não falei sobre a falta que fará sua voz e seu cheiro, o seu respirar.
Não tratava-se de uma tentativa de fingir indiferença mas de uma impossibilidade de deixar fluir o desespero, como se este estivesse se escondendo para não vê-la sofrer. Não, a isso eu não poderia resistir.
Diante de tal cena, dos lábios trêmulos e corações apertados, me permiti apenas aconchegá-la em meus braços, como sempre fiz nas horas ruins, e dizer-lhe que tudo acabaria bem.
Quem espero enganar? Bem pra quem?
R
Lembra-te de como nos conhecemos?
Era noite, sempre noite,
tanta gente, e nós.
Por que nós?
Lembra-te do banco?
"-Quer sentar?"
E do riso, esqueceu?
Haviam garrafas, sempre garrafas.
E do dia seguinte, consegue lembrar?
Decidiu segurar a minha mão.
Mas por que a minha?
Éramos eu e a TV.
Maldita TV.
Nasceram sonhos, lembra?
Nasceram também promessas.
E então vieram os erros e o passado,
vieram as brigas e...
Adeus!
Lembra-te da chuva?
Passou.
Lembra-te do adeus?
Voltou.
E agora, já vai?
Pois me espera, vou atrás.
Era noite, sempre noite,
tanta gente, e nós.
Por que nós?
Lembra-te do banco?
"-Quer sentar?"
E do riso, esqueceu?
Haviam garrafas, sempre garrafas.
E do dia seguinte, consegue lembrar?
Decidiu segurar a minha mão.
Mas por que a minha?
Éramos eu e a TV.
Maldita TV.
Nasceram sonhos, lembra?
Nasceram também promessas.
E então vieram os erros e o passado,
vieram as brigas e...
Adeus!
Lembra-te da chuva?
Passou.
Lembra-te do adeus?
Voltou.
E agora, já vai?
Pois me espera, vou atrás.
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