sábado, 19 de novembro de 2011

Ainda é cedo

Tua presença soa um pouco falsa,
Forçada.
Teus olhos nada dizem,
Vagam.
E há vagas por aqui,
Para que ocupem teu lugar.
Dei a ti o espaço mais nobre,
Lado esquerdo,
Vista completa,
Mas, se renegas,
Logo vem um,
Alguém,
Qualquer,
E toma.
Que este sorria com a vista,
Não tema,
Não corra,
Que este sorria ao me ver.
E tu, que tiveste tanto,
Que tiveste tudo,
Não trema,
Não morra,
Pois, se já é tarde,
Tu foste quem apressou as horas,
Quem deu as costas
E pôs-se a andar.
Mas, caso antes disso,
Antes dos fatos,
Dos atos,
Puderes ter consciência
De que se fores
Não volta,
Por mais que queiras,
Persista, insista,
Lembra-te:
“Ainda é cedo”
E reaviva teu olhar.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Que, quando vê...

Esconde tua dor,
Que nela eles encontram beleza.
Estanca teus cortes,
Segura teus urros,
Nega teus temores.

Finge!

Engana a ti mesma,
Disfarça,
Acredita.
E se chover
Não te molha,
Te encharca.

Exagera!

Não calcula,
Não mede,
Vai e acrescenta,
Sem provar.
E se ficar ruim
Joga fora.

Recomeça!

Ainda é cedo,
Ainda há a noite,
E o amanhã,
E a noite do amanhã,
Não te desespera.

Respira!

E te acalma,
Te sustenta,
Te equilibra,
Que, quando vê,
Já passou.
E já estás pronta
Para encarar uma nova turbulência,
Mais uma vez.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Meu mais doce adeus

Eu tenho que ir.
Peço-te perdão, mas preciso sair daqui.
Preciso ver o sol, sentir o vento ou então atirar-me nos meus lençóis.
Não, aqui não é a mesma coisa.
Não posso me demorar mais cinco, três ou um dia sequer, não insista.
Tu me consomes.
E eu preciso ir antes de criar raízes e a locomoção tornar-se impossível.
Preciso dar-te as costas antes que eu não saiba mais te virar a face.
Não me leva a mal, mas preciso apagar o que aconteceu até aqui.
Vai, esquece aquele sanduba, o sorvete, os beliscões e todo o resto.
Por favor, me deixa esquecer!
A entrega deveria ser recíproca, tu falhaste, deu-te menos.
Ou então eu que exagerei, me apressei.
Eu vou, antes que seja tarde, antes que escureça.
Atravesso a porta antes que tu decidas me pedir para fazê-lo.
Não faz isso, não tenta ler meus olhos.
Eles dizem apenas que eu não estou querendo tomar tal decisão.
Escolhas são assim, meu amor, difíceis,
E esta eu fiz pelo meu bem.
Se eu volto? Fazemos assim... Se tiveres saudade, me procura.
Vais descobrir em um segundo se volto ou não.
Não é nada semelhante a orgulho não, meu querido,
Trata-se da minha última tentativa de preservar teu afeto por mim,
Antes que eu o veja morrer por completo.
Sendo assim,
Espero que sinta minha falta hoje à noite,
Amanhã pela manhã
E em todos os momentos em que eu permanecer ausente.

Generalizando

É tudo uma questão de tempo. Absolutamente tudo.
Tempo para que tenhamos certezas,
Para que venhamos a criar dúvidas.
Tempo para nos adaptarmos,
Ou para nos cansarmos da monotonia e jogarmos tudo pro ar.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Agora, não me vem com esse papo de “eu não tive escolha” ou “quando vi já estava envolvida”.
Tiveste tempo o suficiente para decidir se apenas molhavas os pés ou mergulhavas de cabeça. Pôde refletir o suficiente quanto ao risco que corrias da piscina esvaziar-se e teu corpo vir a se chocar com o fundo de maneira brutal.
Optou pelo mergulho mesmo sabendo, melhor do que qualquer um, os possíveis hematomas e cicatrizes que este causaria. Então, caso doa, não reclames.
E se conseguires nadar, não te gabe. Alerto-te que ainda corres o risco do afogamento caso te esqueças de, vez que outra, tomar um ar.
Por isso, é de extrema importância que continues a lembrar-te de ti e não valorize apenas a água que te envolve. Ela te encanta, contudo, não te mantém.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

De tanto que se tem a dizer,
as palavras cessam.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Caso hoje eu fuja de mim, peço-te que compreenda.
Tudo tem ficado denso demais, complexo demais, difícil demais.
Preciso de sossego.
Caso eu me afaste de ti em uma rua qualquer, saibas que o problema não se encontra em ti, tampouco em mim, está no clima, na vida.
Eu tive tempo pra sonhar e não o desperdicei.
Chamaram-me de tola, louca, ingênua. Juro, nunca liguei.
Mas agora o tempo escorre por entre meus dedos. Ele se esvaiu.
A realidade é tão mais cruel.
Seria hipocrisia pedir-te pra ficar.
Seria bobagem adiar e adiar e adiar sofrimento que sabemos que, mesmo que tarde, virá.
Sendo assim, junto forças, sei lá eu de onde – tu adivinhaste certa noite que eu teria força – e te peço: Vá!
Não fique um segundo a mais, não confesse mais um segredo sequer , não pronuncie belas ou picantes palavras.
Vá enquanto ainda há a possibilidade de esquecermos o caminho que fizemos até aqui. Enquanto as lembranças ainda são doces e o ciúme saudável.
Se tu te demoras um pouco mais não sorriremos ao recordar e teremos ódio do som que nos embalava.
É tudo tão diferente, aqui e aí.
Guardemos então apenas o amor e levemos a certeza de que, se assim se fez, culpadas foram as circunstâncias e não a falta de querer.