segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

09/01/2010

Aquilo que pensei que me faria querer viver me mata e enlouquece a cada dia que passa, esse tal do amor.
E, logo a mim, falta ousadia para dizer-lhe que o quero com fervor de tamanho incomparável, apesar das claras evidências de que ele o mesmo queira. Acontece que juntamente com o sentimento surgiu o receio até do toque, do envolver-se demasiadamente e da recusa, do descarte.
E eu cancelei-me.
Cancelei meus atos e tento a todo momento cancelar desesperadamente meus pensamentos.
Procuro por um transe, um estado vegetativo que seja, qualquer coisa que me afaste daquele que dominou meu peito sem que nada precisasse fazer e com menos de meia dúzia de palavras me atormenta toda e qualquer escolha. Me tomou a vida, a alma, o peito, sem licença, sem permissão, sem que me consultasse ou pedisse opinião. Pudera eu encarar como insulto, não fosse o sorriso que me estampou na face e as poucas e boas lembranças deixadas.
E não quero que vá, não posso deixar.
Não sei como dizer, como pedir que fique.
E o meu medo pode fazê-lo ir embora, para que jamais retorne.

Equilíbrio

Ela desfrutou, por algumas horas, de sensações antes jamais experimentadas. Era um misto de solidão e liberdade que lhe tomava a alma. Não que fosse certo, mas também não era ruim.
O silêncio não lhe incomodava, o escuro não lhe bloqueava a visão e o leve tremor do corpo não lhe assustava.
Momentos antes imaginou como seria ter suas veias invadidas pela felicidade, mal sabia que anos mais tarde obteria a resposta.
E havia tanto a ser feito, porém recusou-se a fazer. Não poderia permitir a presença da euforia em meio à tanta paz.
Até mesmo os pensamentos, naquele curto espaço de tempo, pareciam inexistentes. Permanecia distante de problemas, de responsabilidades, de presença de quem ou do que fosse.
Era um equilíbrio do qual pensou que jamais desfrutaria, como se o mundo houvesse parado apenas para que ela pudesse se encontrar.