sexta-feira, 23 de abril de 2010

Inverno

Adeus verão, me despeço sem olhar pra trás,
e o teu choro de tão distante já não poderá ser ouvido.
Um quarto à meia luz e no chão segredos espalhados pra quem os quisesse ver.
Já não sente vergonha do que a trouxe até aqui, porém sabe da real necessidade da mudança.
E os novos trilhos por onde deve seguir se mostram aos poucos, é preciso reaprender por onde ir.
Promessas não cumpridas, palavras em vão, falsos sentimentos.
Tudo perdido, tudo deixado.
Precisa de outra vida, outro lugar. Precisa de algo que lhe traga um bem maior.
Algo bem menos supérfluo.
Precisa da intensidade, da felicidade, da verdade.
Sempre levará os traços de um caminho porcamente calculado, com erros em toda e qualquer esquina, porém o azul que cega e a impede de seguir está prestes a ser oculto pelo cinza do inverno.
Não é deixar que as coisas aconteçam da melhor forma, é fazer e querer que tal fato se torne real.
Seu semblante nunca mereceu a tristeza que carrega,
seus olhos sempre choraram mais do que deveria,
precisava encontrar forças, porém já estava no chão.
Agora pouco importa o que a fez levantar,
pouco importa a saudade que sentirá,
pouco importa o que o coração lhe diga.
As decisões já estão tomadas.
Pobre pequena, de repente se depara com tão complexas decisões que devem ser tomadas em questão de segundos.
Te mostra capaz e segue a razão. És esperta o suficiente pra saber do que precisa,
só não tente olhar pra trás, sabe que algo te prende ali.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

v

Deveria ter dito umas milhares de palavras, mas não pôde. Nunca havia imaginado que o encontraria em tal estado.
Questionou-se onde estaria o sorriso que um dia ele carregou. A resposta logo veio, havia sido substituído por um par de olhos, olhos que suplicam. Um suplício sincero, irrecusável, que pedia pra que ficasse.
Mas não havia mais tempo, e ela não ficou.
E a imagem que persiste em acompanhá-la é da sombra que caminhava para o lado oposto, um princípio de sonho perdido, mais um.
Fizeram-a prometer. Promessas das quais não gostava, promessas que agora devem ser cumpridas. Mal sabem que ela não o recusaria novamente, que por mais que queira não conseguiria cumprir tais promessas.
O desejo que desperta, a alegria que tráz, o corpo que aquece. Não queria perdê-lo. O perdeu.
E o que resta agora é o inconformismo, a inquietide causada pelo fato de tê-lo deixado partir, sem contar o quanto se importou.



(esse achei perdido no meio do caderno)

Nunca quis que fosse assim

Fugir. Ela sempre foi tão boa nisso!
Agora de longe a observo causar mais uma decepção.
Fria, calculista. Passos contados até o inferno.
Posso vê-la fracassar novamente, dessa vez não estarei lá.
E em noites frias, daquelas onde é imprescindível a presença de alguém, as lágrimas inundarão sua cama.
Velhas cenas da constante realidade.
Sinto muito, minha pequena, por muito tempo não conseguí te odiar, mas dessa vez já não sei o que é te amar.

Fim (?)

Hora de juntar as tralhas,
decidir de uma vez o que vai e o que fica.
Não atreve-se a levar nada.
O recomeço sempre deve partir da estaca zero.